São Paulo, domingo, 5 de julho de 1998

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SUCESSÃO
Com orçamento milionário, campanha priorizará palanque eletrônico; debate com adversários é descartado
FHC decide unificar candidato e presidente

MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília


Os estrategistas da campanha da reeleição desistiram de tentar separar Fernando Henrique Cardoso presidente do Fernando Henrique Cardoso candidato. "É uma coisa inseparável", decretou o coordenador da campanha, o ex-ministro Eduardo Jorge Caldas Pereira. Presidente-candidato, FHC terá pela frente uma campanha com mais dinheiro e menos comício do que há quatro anos.
Com um orçamento milionário, a campanha da chapa "União, Trabalho e Progresso" investirá principalmente no palanque eletrônico para tentar ganhar a disputa já no primeiro turno da eleição.
A produção dos 23 minutos e 41 segundos de propaganda de televisão -na hipótese de haver 13 candidatos-, que irá ao ar três vezes por semana a partir de 18 de agosto, dominará o horário gratuito e consumirá a maior fatia de dinheiro da campanha, segundo estimativa do comitê eleitoral.
Os programas deverão compensar um roteiro mais tímido de viagens pelo país.
Comitê banca
"Ninguém vai fazer grandes comícios", avalia o ex-deputado Euclides Scalco, que divide com Eduardo Jorge o comando da campanha.
Com pouco tempo disponível e com limitações impostas pelas disputas regionais entre seus aliados políticos para viajar pelo país, FHC aproveitará a agenda de presidente para se aproximar dos eleitores.
O candidato estará tão colado à figura do presidente que o comitê eleitoral decidiu bancar o custo de todas as viagens daqui para a frente, para evitar problemas com a legislação eleitoral.
A agenda do presidente-candidato não está fechada, mas já exclui debates de FHC com seus adversários na disputa ao Palácio do Planalto.
Instalada em um prédio de 2.700 metros quadrados a quatro quilômetros de distância do Palácio do Planalto, a cúpula da campanha declara que não tem pressa em pôr a propaganda de FHC nas ruas, pelo menos até a Copa do Mundo terminar.
Ainda segundo cálculo do comitê eleitoral, 150 pessoas deverão trabalhar nos próximos três meses para a campanha, desde a arrecadação de dinheiro até a distribuição de material nos Estados, a redação do programa de governo, a agenda do candidato e a aferição do humor do eleitorado em pesquisas de opinião.
Bancos e empreiteiras
Embora reproduza boa parte da estrutura da campanha passada, FHC recomendou cuidados extras ao time da reeleição.
Exemplo: as doações para a campanha deverão ser limitadas para evitar que uma determinada empresa domine a lista de colaborações. Em 1994, o Bradesco bateu o recorde, com uma doação de R$ 2,264 milhões.
O comando da campanha acha difícil, porém, que o perfil de doadores se altere. Na campanha passada, bancos e empreiteiras bancaram a maior fatia dos gastos do candidato.
Dinheiro não será problema para a campanha, prevê o coordenador financeiro, o ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira.
A chapa FHC-Marco Maciel registrou no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) um teto de R$ 73 milhões para os gastos com a campanha. Há quatro anos, Fernando Henrique Cardoso arrecadou menos da metade desse valor.



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