da Agência Folha, em Soledade (PB)

O prefeito de Soledade, Fernando Araújo Filho (PMDB), 40, admite que as frentes de trabalho podem sofrer alterações, mas defende a iniciativa do governador José Maranhão (PMDB), que se antecipou ao governo federal e criou as frentes.
"A frente de trabalho é uma esmola que o governo federal dá. Sem ela seria pior. Mas, se o governo federal não planeja soluções para a seca, a esmola é o remédio para impedir a fome e as mortes", afirmou.
Maria Aparecida dos Santos Lopes, 21, está grávida de quatro meses da terceira gravidez e carrega com dificuldade o carrinho de mão onde coloca, no máximo, dez quilos de pedra. "Sem esse trabalho, as coisas seriam piores. Mas podiam mandar a gente pegar leve, dar um trabalho com menos sofrimento", afirmou.
A reportagem da Agência Folha localizou Maria Lopes na barragem Macambira. Ela era 1 das 45 mulheres que trabalhavam na frente de trabalho.
Como as demais, Maria Lopes trabalha três manhãs por semana na frente de trabalho. O início da jornada é às 6h e o término, às 11h. "Quando o sol vai esquentando, sinto tontura", afirmou.
No meio da jornada de trabalho, ela recebeu a visita da filha Fernanda, 1, que fica aos cuidados do sobrinho João Paulo dos Santos, 15. A presença da criança e da reportagem fez o "feitor" (chefe da frente), Amadízio Alexandre de Sales, 22, se aproximar das mulheres e dizer que elas seriam prejudicadas com a reportagem.
Desesperadas por medo de perder o emprego, algumas quase chorando, pediam que a reportagem fosse embora. "Se for para prejudicar, é melhor vocês irem embora. Aqui ninguém é maltratado e é a primeira vez que a criança vem aqui", afirmava o "feitor".
Edvânia Firmino dos Santos, 22, é mãe de três filhos e é uma da mães que passaram a mesclar a alimentação de seu bebê, Ronaldo, seis meses, com leite tipo C.
"Quando chego muito quente do trabalho e tem leite de saquinho, faço mamadeira. Quando o Ronaldo está com muita fome, chorando muito, amamento com o corpo quente do sol mesmo", afirmou Edvânia. (AC)



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