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GOVERNO
Custo total para a União será diluído por 30 anos, prazo de pagamento das obrigações dos Estados e municípios
Renegociação de dívidas custará R$ 48,5 bi
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Fazenda estima
que os subsídios embutidos nos
contratos de renegociação de dívidas com os Estados e os municípios atinjam R$ 48,5 bilhões em
30 anos. Mesmo assim, o governo
propôs ontem ao Senado Federal
que o nível de endividamento dos
Estados possa ser duas vezes
maior que suas receitas.
Os subsídios surgem porque a
União, ao renegociar as dívidas
estaduais e municipais, concede
um desconto inicial e emite títulos
com taxas de juros maiores que
aquelas contratadas com os Estados e os municípios durante esse
período (de 30 anos). As renegociações entre as partes envolveram mais de R$ 200 bilhões.
A renegociação das dívidas estaduais começou a ser articulada
ainda em 1995, durante o primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso. Os primeiros contratos, porém, foram
assinados somente em 1997, após
aprovação do Senado.
No caso de São Paulo, por
exemplo, a renegociação dos débitos incluiu a transferência do
Banespa para o governo federal,
cuja venda encontra-se atualmente paralisada na Justiça. Além do
Banespa, o Estado de São Paulo
também entregou ao governo federal a Fepasa e a Ceagesp, que
passaram a integrar o programa
federal de privatizações.
No caso dos municípios, o prazo para a renegociação acabou
neste ano: 180 prefeituras parcelaram suas dívidas por até 30 anos
-entre elas, por exemplo, a do
município de São Paulo, cuja negociação foi demorada porque o
prefeito Celso Pitta (PTN) e o Tesouro Nacional divergiam sobre
as condições do pagamento.
A renegociação foi o caminho
encontrado pelo governo para
tentar impor medidas de ajuste
fiscal ao governos estaduais e municipais. Em troca da renegociação, prefeitos e governadores se
comprometeram a reduzir despesas e aumentar a receita.
O subsídio de R$ 48,5 bilhões
inclui os 30 anos. Até agora, o governo tinha divulgado somente o
subsídio inicial, sem incluir os
municípios. De acordo com o
anunciado ontem, o subsídio inicial geral foi de R$ 19 bilhões.
Endividamento
De acordo com informações do
Banco Central, nove Estados
(Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Alagoas, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Rio Grande do
Sul, Santa Catarina e Maranhão)
estão acima do limite hoje proposto pelo governo federal.
O governo enviou ao Congresso
uma proposta de resolução do Senado que fixa os limites de endividamento para a União, os Estados
e os municípios.
Um projeto de lei fixa o limite
para a dívida mobiliária (em títulos) da União. As medidas atendem a uma determinação da Lei
de Responsabilidade Fiscal, sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso no dia 4 de
maio passado.
Além de oferecer um limite amplo para o endividamento dos Estados, a proposta oferece um prazo de 15 anos para a adequação
dos Estados e dos municípios que
estiverem acima dos tetos.
O chefe da assessoria econômica do Ministério do Planejamento, José Guilherme dos Reis, explicou, porém, que os contratos de
renegociação -assinados com 24
Estados e o Distrito Federal- vão
prevalecer sobre a resolução do
Senado Federal. Nos contratos, o
objetivo é garantir que a dívida seja igual à receita anual
Para o governo federal, a proposta é manter a dívida 3,5 vezes
superior à receita. Segundo o governo, hoje esse número é 3,45. A
dívida consolidada líquida do governo é de R$ 484,4 bilhões.
Limites
Segundo o ministro do Planejamento, Martus Tavares, o limite é
adequado porque o governo federal ainda tem muitas dívidas a assumir pela frente.
Até abril de 2002, serão emitidos R$ 57 bilhões para que o BC
possa atuar no mercado financeiro. De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Banco
Central não poderá mais usar títulos próprios em 2002.
O governo federal também terá
de reconhecer cerca de R$ 50 bilhões do FCVS (Fundo de Compensação das Variações Salariais),
uma dívida do Tesouro Nacional
com os bancos resultante da cobertura do saldo devedor residual
de alguns tipos de financiamentos
concedidos pelo SFH (Sistema Financeiro da Habitação).
Para a dívida mobiliária, o limite é de 6,5 vezes a receita anual.
Hoje, essa dívida é de R$ 863,6 bilhões ou 5,5 vezes a receita. O teto
sobe porque, além de levar em
conta os aumentos de dívida no
futuro, o governo também incluiu
a emissão de R$ 13 bilhões em janeiro de 2001 para cobrir o prejuízo do BC em 1999, resultante da
desvalorização do real.
Na definição dos limites, o governo projetou taxas de crescimento econômico de 4,5% em
2001 e de 5% em 2002 e 2003. A taxa de juros real (acima da inflação) deve chegar a 7% ao ano, segundo os cálculos do governo.
O limite de endividamento dos
municípios foi proposto em 1,2
vez a receita. Hoje, os municípios
mantêm uma média de 0,97. A relação média entre o endividamento e a receita dos Estados é de 1,56.
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