|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FHC não descarta supervisão da PM por Exército
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu entrar num
tema altamente polêmico e não
descartou a volta da supervisão
das polícias militares pelo Exército, eliminada pela Constituição de
1988. "É válida", disse ele à Folha.
"Eu sei que é complicada e que
não pode ser imposta, mas tem
que ser discutida."
O que está praticamente afastada é a criação de uma Guarda Nacional, conforme deixou claro.
Segundo FHC, a idéia partiu basicamente do governador Almir
Gabriel (PA), mas não resolve o
problema de segurança pública
nem a crise das polícias militar e
civil nos Estados.
"Quem mandaria na Guarda
Nacional? Quem articularia os setores das polícias? Quem cuidaria
do conjunto? Como sair de São
Paulo para Minas, por exemplo?
Quantos anos demoraria para
formar essa gente?"
A enxurrada de perguntas praticamente a exclui do pacote de medidas na área de segurança que
deve ser anunciado amanhã.
Insistindo em que a "eficácia de
uma guarda nacional, além de duvidosa, é de curto prazo", o presidente lembrou que o efetivo policial em alguns Estados já é muito
grande. Em São Paulo, por exemplo, disse, de cabeça, que são cerca
de 85 mil policiais militares e de
120 mil a 130 mil policiais civis.
"É preciso um processo de integração, com um só comando. O
que acrescentaria uma guarda nacional?", afirmou.
Segundo FHC, não existe uma
saída mágica para o problema: "A
única solução é botar as polícias
que já existem funcionando direito. Não adianta pegar um problema que é dos Estados e jogar no
colo da União".
FHC ressaltou que "os recrutas
não têm treinamento de polícia",
mas lembrou que o artigo 142 da
Constituição prevê que o Exército
pode ser chamado para restabelecer a lei e a ordem. Em caso de
motim das polícias, por exemplo.
"Isso não tem nada de antidemocrático. Antidemocrático é
ameaçar a lei e a ordem", disse ele.
"Salários baixos fazem parte da
história das polícias. Ninguém
gosta. Mas não é pretexto para desagregação."
Em sua avaliação, há um forte
fator político-eleitoral nos movimentos dos PMs em alguns Estados, porque o ano é pré-eleitoral,
e os políticos ou candidatos engrossam o coro. "As reivindicações podem até ser justas, mas a
política engrossa o coro."
No ano passado, FHC disse que
o governo investiu cerca de
R$ 250 milhões nessa área. Neste
ano, estão previstos R$ 400 milhões. "Mas não adianta aplicar só
em armas e equipamentos, é preciso investir principalmente em
treinamento e capacitação de pessoal", opinou.
(ELIANE CANTANHÊDE)
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Tucanos tentam minar vantagem de Serra Índice
|