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SUCESSÃO NO ESCURO
Obsessão de Paulo Renato com o Planalto preocupa FHC, que quer disputa interna sob seu controle
Tucanos tentam minar vantagem de Serra
SANDRA BRASIL
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Fernando Henrique Cardoso manifestou a amigos
sua preocupação com a "obsessão" de Paulo Renato. O ministro
da Educação, segundo confidenciou FHC, só pensa naquilo -a
Presidência da República.
A atitude de Paulo Renato, que
vem usando as realizações de sua
pasta como vitrine para viabilizar-se como candidato, chamou a
atenção do Planalto, pela insistência na idéia fixa. Ele é hoje o mais
desinibido pré-candidato do partido, mas está longe de ser o único
tucano que sonha com o trono de
FHC. Há outros "azarões" no ninho tentando minar o favoritismo que ainda pertence a José Serra, ministro da Saúde e desafeto
de Paulo Renato há muito tempo.
A ameaça do apagão e o mau
momento do governo levaram
Serra a desacelerar sua campanha. O ministro desapareceu do
noticiário político estrategicamente no último mês. A prudência calculada deu ânimo a seus rivais dentro do partido. Hoje, são
sete os nomes tucanos lembrados.
O motivo de tanto assanhamento, segundo o sociólogo Antônio
Lavareda, diretor da consultoria
de comunicação MCI, é o fato de o
PSDB não ter um nome "natural"
para 2002. "Se houvesse um candidato que se apresentasse de saída com densidade eleitoral, isso
desestimularia e até inibiria que
outros pessoas se lançassem."
A disputa no tucanato agrada ao
presidente, desde que não saia de
seu controle e termine expondo as
rusgas internas do partido. "É
bom para o governo ter vários nomes tentando ser o candidato do
partido de FHC", diz Lavareda.
"Precisamos afunilar esse processo e construir alternativa do
PSDB, que deve ser o Serra", defende o líder do PSDB na Câmara
dos Deputados, Jutahy Júnior.
Mas Serra está longe de ser um
consenso, mesmo dentro do partido. O estilo do ministro é tido
como muito personalista e pragmático nos relacionamentos.
Segundo nome lembrado na
corrida tucana, o governador do
Ceará, Tasso Jereissati, também
está recolhido. Só deverá sair da
toca se seu pupilo Ciro Gomes,
presidenciável pelo PPS, se inviabilizar como candidato.
Enquanto isso, além de Paulo
Renato, outro adversário de Serra, o ministro Pimenta da Veiga
(Comunicações), também faz sua
campanha. E o presidente da Câmara, Aécio Neves, embora negue
ser aspirante ao posto de FHC, começou a ter seu nome ventilado
por um grupo de deputados tucanos de Minas e Goiás.
Completam a lista de tucanos
presidenciáveis os governadores
Geraldo Alckmin (SP), lançado à
sua revelia pelo PFL de Jorge Bornhausen, e Dante de Oliveira
(MT), que insiste na tese de que o
PSDB deve fazer prévias para escolher seu candidato. A idéia,
apoiada recentemente por Alckmin, desagrada a Serra, que nos
bastidores procura esvaziá-la.
Como se o ninho tucano já não
estivesse inflacionado, aumentaram na última semana os boatos
de que Pedro Malan (Fazenda) vai
se filiar ao PSDB e se colocar na
disputa. Ele nega as duas coisas.
FHC abriu caminho para a discussão das prévias para a escolha
do candidato do PSDB. "Num
quadro embolado como esse, o
senhor [FHC" vai escolher o candidato do partido?", perguntou
Dante de Oliveira, em conversa
com o presidente, dia 24 de julho.
"Eu, não. Não vou tirar o nome do
bolso do meu colete", respondeu
o presidente, segundo Dante.
Animado com a resposta, o governador, outro que está de olho
na faixa presidencial, se sentiu livre para apresentar à Executiva
do PSDB a proposta formal das
prévias. É improvável que a idéia
prospere. Além de Serra, Tasso
não crê em sua viabilidade porque o candidato de FHC deve ser
fruto de uma aliança partidária,
provavelmente com o PFL.
"Não há tradição de prévias no
Brasil. Quando há disputa, há
conflito e isso pode gerar perda de
quadros no partido. Nem o PT
quer prévias, por que o PSDB vai
querer?", argumenta Jutahy.
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