São Paulo, domingo, 05 de agosto de 2001

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OUTRO LADO

Congressistas culpam desafetos políticos pelos processos judiciais

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Todos os congressistas acusados de delitos graves se dizem vítimas de armações dos mais diversos tipos e acusam seus desafetos pelo fato de terem processos criminais. Já os acusados de delitos leves defendem seus atos.
O deputado federal Vittorio Medioli (PSDB-MG) é acusado de possuir equipamentos de rádio sem a devida autorização legal. Ele diz que foi envolvido indevidamente no caso por um promotor de Uruguaiana (RS).
Segundo o deputado, um argentino que alugava uma sala dentro de sua empresa era o dono do equipamento não autorizado: "O exaltado promotor indiciou os presidentes de 70 empresas".
Medioli também é acusado de extração de quartzo, diamantes e ouro em uma de suas fazendas, sem licença do governo.
Ele afirma que sua fazenda foi invadida por garimpeiros e que ele representou os invasores. "Esse pedido [de licença prévia" se deve à iniciativa de um promotor mineiro, meu desafeto, que decidiu me indiciar junto com os invasores. Igualou, propositadamente, a vítima aos criminosos", declarou Medioli.
O deputado federal José Janene (PPB-PR), acusado de corrupção ativa e passiva, é outro que teria sido vítima de armação.
Empresário, ele tinha negócios na cidade de Rolim de Moura (RO), no final de 1992, e foi acusado de ter dado dinheiro ao prefeito para que ele "comprasse" os vereadores que queriam cassá-lo.
O advogado do prefeito disse à polícia que telefonou para Janene e que ele teria se comprometido a mandar para a cidade uma parte do dinheiro necessário para "comprar" os vereadores.
Janene alega que só foi incluído no processo depois de se eleger: "Só fiquei sabendo da história quando li o processo, não tenho nada com isso. É picuinha", afirmou o deputado.
O deputado federal Hélio Costa (PMDB-MG) é acusado de estelionato. Segundo a denúncia, ele teria recebido verba federal para construir um centro comunitário em Barbacena (MG), mas não teria realizado a obra.
O deputado afirma que recebeu um terreno para que o centro comunitário fosse construído no período de um ano e que a verba só saiu depois de um ano, quando ele havia perdido o terreno.
O deputado afirma que devolveu o dinheiro e que, depois, construiu um centro comunitário com recursos próprios. Ele exibiu fotografia do centro comunitário construído.
Costa afirma ter sido inocentado pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e sustenta que a acusação contra ele foi feita por um desafeta, durante a campanha para governador de 1994.
O deputado federal Remi Trinta (PST-MA) é acusado de fraudar o SUS (Sistema Único de Saúde) e de ter cometido os crimes de estelionato em detrimento de entidade pública, formação de quadrilha e falsificação de documento público.
Ele afirma que foi envolvido no processo apenas por um erro da Junta Comercial do Maranhão. "Esse processo não tem nada a ver comigo", sustenta.
O senador Amir Lando (PMDB-RO) diz que representou um político por crime eleitoral e que, no processo, o acusado relacionou seu nome no rol de testemunhas. Lando afirma que não compareceu à audiência e foi acusado de desobediência a ordem judicial.
"Só colocaram meu nome para procrastinar o andamento do processo. Eu sou o acusador, não posso ser chamado como testemunha", afirma o senador.
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) é acusado de obstruir a Justiça. O senador impediu guardas municipais de retirarem propaganda de um candidato à Prefeitura de Curitiba.
Requião defende sua atitude. Alega que a retirada de propaganda não é atribuição da guarda e que os guardas não tinham mandado judicial para fazê-la.
Os demais congressistas acusados, todos por delitos de opinião, defendem o que falaram.



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