São Paulo, domingo, 05 de agosto de 2001

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OUTRO LADO

Governo prepara resposta para a próxima semana

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Defesa e o Exército continuam preferindo guardar silêncio sobre os documentos confidenciais que a Folha vem publicando desde quinta-feira. Surpreendido com o vazamento dos papéis, o governo prepara uma resposta, a ser dada na próxima semana.
Na última sexta-feira, o ministro Geraldo Quintão (Defesa) se reuniu com o presidente Fernando Henrique Cardoso, no Palácio do Planalto. Conversaram sobre os documentos, que vieram à luz graças a uma operação de busca e apreensão realizada no escritório de inteligência do Exército em Marabá (PA).
A ação foi motivada por um pedido do Ministério Público, acatado pela Justiça Federal no Pará. O MPF abriu no início de julho um inquérito para tentar esclarecer fatos ligados à guerrilha do Araguaia, que ocorreu no sul do Pará, nos anos 70.
Segundo apurou a Folha, Geraldo Quintão disse a FHC que preferia aguardar uma manifestação do Exército antes de dizer algo em público. O presidente assentiu.
Quintão mostrou-se preocupado com a ausência do comandante do Exército, general Gleuber Vieira. A mulher do general, muito doente, levou-o a se distanciar de suas atividades nos últimos dias. Trocou Brasília pelo Rio de Janeiro.
Combinou-se que Quintão chamaria Gleuber para uma reunião no início desta semana. No encontro, tentariam construir um consenso acerca das explicações a serem dadas.
Mesmo nos diálogos reservados, Quintão mede cada palavra ao se referir ao assunto. Não quer melindrar o Exército. A preocupação do ministro é compartilhada pelo presidente. Reservadamente, FHC diz não ter dúvidas quanto à necessidade de um serviço militar de inteligência. Mas ficou aborrecido com alguns trechos dos documentos do Exército.
Dois pontos deixaram-no especialmente agastado: o trecho que classifica movimentos sociais como "forças adversas" e o que aventa a possibilidade de "arranhar direito dos cidadãos". (JS)



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