|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OUTRO LADO
Governo prepara resposta para a próxima semana
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Defesa e o
Exército continuam preferindo
guardar silêncio sobre os documentos confidenciais que a Folha vem publicando desde
quinta-feira. Surpreendido
com o vazamento dos papéis, o
governo prepara uma resposta,
a ser dada na próxima semana.
Na última sexta-feira, o ministro Geraldo Quintão (Defesa) se reuniu com o presidente
Fernando Henrique Cardoso,
no Palácio do Planalto. Conversaram sobre os documentos, que vieram à luz graças a
uma operação de busca e
apreensão realizada no escritório de inteligência do Exército
em Marabá (PA).
A ação foi motivada por um
pedido do Ministério Público,
acatado pela Justiça Federal no
Pará. O MPF abriu no início de
julho um inquérito para tentar
esclarecer fatos ligados à guerrilha do Araguaia, que ocorreu
no sul do Pará, nos anos 70.
Segundo apurou a Folha, Geraldo Quintão disse a FHC que
preferia aguardar uma manifestação do Exército antes de
dizer algo em público. O presidente assentiu.
Quintão mostrou-se preocupado com a ausência do comandante do Exército, general
Gleuber Vieira. A mulher do
general, muito doente, levou-o
a se distanciar de suas atividades nos últimos dias. Trocou
Brasília pelo Rio de Janeiro.
Combinou-se que Quintão
chamaria Gleuber para uma
reunião no início desta semana. No encontro, tentariam
construir um consenso acerca
das explicações a serem dadas.
Mesmo nos diálogos reservados, Quintão mede cada palavra ao se referir ao assunto.
Não quer melindrar o Exército.
A preocupação do ministro é
compartilhada pelo presidente.
Reservadamente, FHC diz não
ter dúvidas quanto à necessidade de um serviço militar de inteligência. Mas ficou aborrecido com alguns trechos dos documentos do Exército.
Dois pontos deixaram-no especialmente agastado: o trecho
que classifica movimentos sociais como "forças adversas" e
o que aventa a possibilidade de
"arranhar direito dos cidadãos".
(JS)
Texto Anterior: Inteligência militar: Espiões do Exército vigiam até o governo Próximo Texto: Manual ensina a seduzir informantes Índice
|