São Paulo, segunda-feira, 05 de agosto de 2002

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ELEIÇÕES 2002/CAMPANHA

Objetivo é ampliar a intenção de voto nas classes D e E; candidato não diz de onde vai tirar o dinheiro

Na TV, Lula investirá em vale-remédio

PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT procurará no custo dos remédios o remédio para tentar conter a queda de seu candidato nas pesquisas. Como símbolo da estratégia de priorizar o eleitor que ganha até R$ 1.000, a campanha na TV do candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva, será focada na divulgação de uma espécie de vale-remédio, no qual o governo federal subsidiaria parte do custo de medicamentos para a população de baixa renda.
Na tentativa de ampliar a intenção de voto em Lula nas classes D e E, o PT defenderá nos programas do horário eleitoral gratuito, que começa no dia 20, a ampliação nacional de instituições financeiras como o Banco do Povo, que oferece à população de baixa renda empréstimos de pequeno montante a juros baixos e sem necessidade de garantias.
Outro projeto na mesma direção será a extensão a todo o país de programa que paga o transporte e os uniformes de estudantes de escolas públicas, na linha de programa criado pela prefeita Marta Suplicy em São Paulo.
Nenhum desses projetos consta claramente do programa de governo petista, divulgado no mês passado. Nem a origem dos recursos que os bancarão.
Lula tem se esquivado de responder questões sobre a origem do dinheiro para os programas sociais do partido. "Na mão do PT, R$ 1 vale R$ 2", tem repetido em referência à suposta maior eficiência dos gastos de administração do partido, vendidas como menos propensas à corrupção e aos gastos desnecessários.
Os economistas do partido afirmam que a retomada do crescimento industrial, a redução de impostos no setor produtivo, o estímulo à exportação e o combate à corrupção gerarão novas receitas, que seriam direcionadas aos programas sociais.
Esses projetos que serão levados à TV surgiram a partir de pesquisa feita com eleitores de baixa renda que tentou dimensionar carências que poderiam ser supridas pelo governo federal.
Ao todo, a pesquisa levantou 23 itens passíveis de atuação. Desses foram retirados seis que seriam prioritários e para os quais foram criados programas específicos.
O carro-chefe é o vale-remédio dado o grau de aflição que atinge pessoas carentes com os preços de medicamentos, principalmente os de uso continuado.
O vale-remédio pontua ainda uma característica de propagandas eleitorais dirigidas pelo publicitário Duda Mendonça. Ela criou campanhas sobre a "Farmácia do Povo", que pretendia fornecer medicamentos mais baratos produzidos por instituições públicas, para Miguel Arraes (PSB) e para Paulo Maluf (PPB) em 1998.
Será ainda uma resposta petista a um dos pontos tidos como positivos da candidatura presidencial de José Serra (PSDB): sua gestão à frente do Ministério da Saúde, em especial a implantação do programa dos genéricos.
Desde maio, Lula está em queda nas pesquisas. Pelo Datafolha, tinha 43%, recuou para 40% em junho, 38% em 5 de julho e 33% na pesquisa divulgada quarta-feira. Nesse levantamento, Ciro aparece com 28%, e Serra, com 16%.
Lula perdeu mais pontos nas classes de alta renda (12) do que nas de baixa renda (5). Caiu mais também na faixa de eleitores mais escolarizados (6) do que na faixa dos menos escolarizados (3). Assim é o eleitor de renda menor e escolaridade menor que lhe deu a liderança no levantamento passado. É esse público que a campanha na televisão tentará atingir.


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