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ELEIÇÕES 2002/CAMPANHA
Objetivo é ampliar a intenção de voto nas classes D e E; candidato não diz de onde vai tirar o dinheiro
Na TV, Lula investirá em vale-remédio
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT procurará no custo dos remédios o remédio para tentar
conter a queda de seu candidato
nas pesquisas. Como símbolo da
estratégia de priorizar o eleitor
que ganha até R$ 1.000, a campanha na TV do candidato petista
Luiz Inácio Lula da Silva, será focada na divulgação de uma espécie de vale-remédio, no qual o governo federal subsidiaria parte do
custo de medicamentos para a
população de baixa renda.
Na tentativa de ampliar a intenção de voto em Lula nas classes D
e E, o PT defenderá nos programas do horário eleitoral gratuito,
que começa no dia 20, a ampliação nacional de instituições financeiras como o Banco do Povo, que
oferece à população de baixa renda empréstimos de pequeno
montante a juros baixos e sem necessidade de garantias.
Outro projeto na mesma direção será a extensão a todo o país
de programa que paga o transporte e os uniformes de estudantes de escolas públicas, na linha de
programa criado pela prefeita
Marta Suplicy em São Paulo.
Nenhum desses projetos consta
claramente do programa de governo petista, divulgado no mês
passado. Nem a origem dos recursos que os bancarão.
Lula tem se esquivado de responder questões sobre a origem
do dinheiro para os programas
sociais do partido. "Na mão do
PT, R$ 1 vale R$ 2", tem repetido
em referência à suposta maior eficiência dos gastos de administração do partido, vendidas como
menos propensas à corrupção e
aos gastos desnecessários.
Os economistas do partido afirmam que a retomada do crescimento industrial, a redução de
impostos no setor produtivo, o
estímulo à exportação e o combate à corrupção gerarão novas receitas, que seriam direcionadas
aos programas sociais.
Esses projetos que serão levados
à TV surgiram a partir de pesquisa feita com eleitores de baixa renda que tentou dimensionar carências que poderiam ser supridas
pelo governo federal.
Ao todo, a pesquisa levantou 23
itens passíveis de atuação. Desses
foram retirados seis que seriam
prioritários e para os quais foram
criados programas específicos.
O carro-chefe é o vale-remédio
dado o grau de aflição que atinge
pessoas carentes com os preços de
medicamentos, principalmente
os de uso continuado.
O vale-remédio pontua ainda
uma característica de propagandas eleitorais dirigidas pelo publicitário Duda Mendonça. Ela criou
campanhas sobre a "Farmácia do
Povo", que pretendia fornecer
medicamentos mais baratos produzidos por instituições públicas,
para Miguel Arraes (PSB) e para
Paulo Maluf (PPB) em 1998.
Será ainda uma resposta petista
a um dos pontos tidos como positivos da candidatura presidencial
de José Serra (PSDB): sua gestão à
frente do Ministério da Saúde, em
especial a implantação do programa dos genéricos.
Desde maio, Lula está em queda
nas pesquisas. Pelo Datafolha, tinha 43%, recuou para 40% em junho, 38% em 5 de julho e 33% na
pesquisa divulgada quarta-feira.
Nesse levantamento, Ciro aparece
com 28%, e Serra, com 16%.
Lula perdeu mais pontos nas
classes de alta renda (12) do que
nas de baixa renda (5). Caiu mais
também na faixa de eleitores mais
escolarizados (6) do que na faixa
dos menos escolarizados (3). Assim é o eleitor de renda menor e
escolaridade menor que lhe deu a
liderança no levantamento passado. É esse público que a campanha na televisão tentará atingir.
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