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REFORMA SOB PRESSÃO
Palácio do Planalto negocia proposta intermediária que prevê um subteto de 85% nos Estados
Lula rejeita subteto de 90% para juízes
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E
DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
A falta de consenso em relação
ao subteto do Judiciário impediu
que o governo fechasse ontem um
acordo sobre a proposta que pode
ser levada à votação entre hoje e
amanhã na Câmara. O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva não aceitou aumentar o subteto de 75%
para 90,25%, como querem os juízes. Uma proposta intermediária
de 85% nos subtetos estaduais foi
a que mais avançou.
As possíveis concessões do governo foram discutidas em duas
reuniões no Palácio do Planalto, a
primeira coordenada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a
segunda pelo ministro-chefe da
Casa Civil, José Dirceu.
Cinco pontos do relatório do
deputado José Pimentel (PT-CE),
que é defendido pelo governo, deverão sofrer alteração. A definição
das concessões do governo ficou
para nova reunião de Dirceu com
os líderes aliados na Câmara às
10h de hoje. Se o Judiciário não
aceitar a proposta intermediária,
a tendência é que o subteto dos
juízes estaduais permaneça em
75%, como prevê o relatório.
"Há intensas discussões com o
STF para encontrar uma redação
que deixe clara a não-necessidade
de regulamentação do subteto pelos Estados. Quanto ao restante
das mudanças, o Lula não disse
nada, mas insinuou que aceitou
todas", disse o líder do PSB,
Eduardo Campos (PE).
Um ponto que ficou definido foi
o abono de 11% para todos os servidores que decidirem não se
aposentar antes da nova idade
mínima prevista na proposta, que
passa de 48 anos para 55 (mulheres) e 53 anos para 60 (homens).
Por exemplo: o servidor que
chegar aos 53 anos, tendo contribuído com a Previdência por 35
anos, terá como estímulo para
cumprir os sete anos seguintes a
não-cobrança de 11% de contribuição previdenciária, que paga
hoje. Na proposta atual, esse estímulo estava previsto somente para aqueles que já haviam reunido
condições para se aposentar.
Em relação à redução das pensões que forem concedidas após a
reforma, também haverá mudança. O atual relatório prevê descontos entre 30% e 100% para a faixa
das pensões que ultrapassar o valor de R$ 1.058. A proposta de
mudança mais provável é do aumento da faixa isenta para R$
2.400 e a fixação do desconto em
50%. Há também a possibilidade
de manutenção dos R$ 1.058, com
a redução restrita a 30% do que
exceder esse valor.
Outra questão era relativa à integralidade salarial para a aposentadoria dos atuais servidores. Os
aliados na Câmara argumentam
que a redação da proposta dá
margem para um benefício menor do que o salário da ativa. Eles
queriam que a redação fosse alterada como forma de assegurar de
fato a integralidade. O governo se
manifestou favorável à idéia.
Ficou definido na reunião de
ontem no Planalto que será enviado ao Congresso, pelo Executivo,
um projeto de lei detalhando as
formas de inclusão de cerca de 40
milhões de pessoas que estariam
de fora do sistema previdenciário.
Na reunião com Lula, participaram o relator da reforma, José Pimentel, o líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP),
e os ministros Ricardo Berzoini,
Antonio Palocci Filho, Luiz Gushiken e Luiz Dulci.
(RANIER BRAGON, JULIA DUAILIBI, OTÁVIO CABRAL,
RAYMUNDO COSTA e WILSON SILVEIRA)
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