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NA MIRA
Decisão de comissão surpreende governistas e atropela estratégia do Planalto, que tentaria ganhar tempo para esfriar caso
Senado aprova convite a Meirelles e Casseb
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em uma decisão de última hora
que surpreendeu os governistas, a
Comissão de Fiscalização e Controle do Senado aprovou ontem
os requerimentos convidando para audiências públicas os presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles, e do Banco do Brasil, Cássio Casseb.
O Senado só tem o poder de
convocar ministros, por isso os
presidentes do BC e do BB estão
sendo convidados. Nesse caso,
eles têm a prerrogativa de escolher a data que considerarem
mais adequada. Ontem, as assessorias dos bancos informaram
que os presidentes só irão marcar
a data depois de serem informados oficialmente do convite -o
que não havia ocorrido ontem.
A aprovação dos requerimentos
atropelou a estratégia do governo,
que planejava discutir o assunto
apenas na próxima semana no Senado, ganhando tempo para esfriar o caso. O ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) afirmou que eles não vão ao Senado
dar explicações se for para atender "interesses eleitorais" da oposição, o que é, na sua avaliação, o
cenário atual.
"A oposição tenta transformar
as informações sobre os presidentes do BB e do BC em trincheira
eleitoral. Eles vão comparecer se
for interesse do Senado. Se for interesse da oposição não é o caso
de submeter duas instituições aos
caprichos e interesses eleitorais."
As declarações do ministro foram dadas antes da aprovação
dos requerimentos pela CFC. Ele
foi ao Senado conversar com o líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP). "Temos que levar
em conta o que o Senado deseja. A
oposição não pode transformar
esse episódio em pauta eleitoral",
disse Rebelo.
Os requerimentos aprovados
são de autoria do senador Duciomar Costa (PTB-PA), protocolados ontem, e do líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), protocolado no dia 15 de julho.
Tanto Virgílio quanto Costa
convidaram Casseb para explicar
os critérios de aplicação de verbas
do BB em patrocínio. O de Meirelles, apresentado por Costa, é para
prestar esclarecimentos sobre as
medidas adotadas para reduzir a
vulnerabilidade externa do país.
Os pedidos foram aprovados em
votação simbólica (sem manifestação individual dos presentes).
"A palavra é franqueada aos senadores, que podem perguntar o
que quiserem", disse o presidente
da CFC, senador Ney Suassuna
(PMDB-PB). Meirelles e Casseb
estão sendo acusados de evasão
de divisas e sonegação fiscal, o
que eles negam.
Sobre Casseb ainda pesa a compra de R$ 70 mil em ingressos para o show da dupla sertaneja Zezé
Di Camargo & Luciano, cuja renda teria sido revertida para a compra da nova sede do PT em São
Paulo. O dinheiro foi devolvido.
Também há requerimentos na
CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) convidando Meirelles,
Casseb, a diretoria do BB e o tesoureiro do PT, Delúbio Soares. A
previsão era que os requerimentos só seriam apreciados na próxima terça-feira, quando o Senado
retoma as votações em plenário.
Suassuna participou de uma
reunião no gabinete de Mercadante ontem. Ele disse que avisou
ao líder do governo que realizaria
a sessão para votar os requerimentos se houvesse quórum.
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