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CPI pode acabar em "pizza", diz deputada do PPS
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Tinha tudo para ser uma sessão
tranqüila. Na ordem do dia, apenas a votação de requerimentos e,
30 minutos depois, a CPI dos Correios passaria a ouvir o depoimento do policial civil David Rodrigues dos Santos, que sacou
mais de R$ 5 milhões da SMPB do
publicitário Marcos Valério Fernandes. Mas bastou a deputada
Juíza Denise Frossard (PPS-RJ)
aludir a um possível acordão que
poderia acabar em pizza para que
a comissão pegasse fogo.
"Esta CPI está rolando ladeira
abaixo", iniciou a deputada. "Vamos ouvir um carregador de malas [Santos], ao invés de ouvir o
deputado José Dirceu (PT-SP)",
afirmou. Ela disse que a CPI está
perdendo o foco e não é função da
comissão investigar o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, como
quer a oposição por causa da citação de Roberto Jefferson (PTB-RJ) que envolveu Lula numa suposta transação com a Portugal
Telecom.
"O cheiro de pizza está fedendo
pela sociedade e o que se fala nas
ruas é que há um grande acordo
entre o PT, PSDB e PFL."
A frase acendeu a ira dos petistas, tucanos e pefelistas. O primeiro a retrucar foi o presidente da
CPI, senador Delcídio Amaral
(PT-MS). "Não há acordo."
Delcídio, que um dia antes de a
CPI ser instalada chegou a abdicar
da função de presidente, alegando
que a CPI seria chapa branca por
ter o presidente e o relator da base
de apoio ao governo, desdisse a si
mesmo.
"Esta CPI não é chapa branca;
vamos investigar tudo."
O deputado Onyx Lorenzoni
(PFL-RS) pegou carona no mote.
"Sou um bom pizzaiolo, mas estou aqui disposto a colocar lenha
na fogueira para apurar tudo."
Outro pefelista que se insurgiu
contra a observação de Denise
Frossard foi Antonio Carlos Magalhães Neto (BA). "Um acordão
significaria a cassação dos 513 deputados e 81 senadores."
Pelo lado dos tucanos, o deputado Eduardo Paes (RJ) tentou atacar Frossard porque, em seu entendimento, a parlamentar estaria criticando colegas para ganhar
pontos com a sociedade. "A senhora também é política porque
está aqui há dois mandatos e foi
eleita pelo PSDB." No entendimento de Paes, "o povo quer o
sangue generalizado de todos
nós".
Frossard devolveu a provocação: "E, com minha votação, elegi
mais dois do PSDB."
Incomodada, mesmo, ficou a
senadora Ideli Salvati (PT-SC),
mas não propriamente pelo
"cheiro de pizza", ao qual até assentiu. "Acho que o acordão poderia ter acontecido, sim, na semana passada, mas nós do PT o
denunciamos", disse. O que irritou a petista foi a atitude de seu
colega de Senado, Sérgio Guerra.
O tucano apresentou requerimento para convocar petistas cujos diretórios estaduais apareceram na lista de Marcos Valério como beneficiários de recursos da
SMPB. No caso de Santa Catarina,
Estado de Ideli, o PT local teria recebido R$ 50 mil. O requerimento
de Guerra é específico para chamar Ideli.
(CHICO DE GOIS, FERNANDA KRAKOVICS, LEILA SUWWAN)
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