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CGU aponta nova empresa ligada à fraude
Ministro Jorge Hage diz que grupo Domanski "deve ter de 10% a 15% do mercado" de comercialização de ambulâncias
Nome do grupo foi citado
em depoimentos dos donos
da Planam, que liderava o
esquema dos sanguessugas;
fraude supera os R$ 110 mi
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O mercado de fraudes na
venda de ambulâncias tem como principal concorrente da
Planam a empresa paranaense
Domanski Comércio e Instalação de Equipamentos, constatou a CGU (Controladoria Geral da União). Dados da investigação ainda em curso já permitem afirmar que a fraude supera os R$ 110 milhões, inicialmente estimados pela Operação Sanguessuga.
O pedido de investigação do
esquema paralelo de fraude
partiu da CGU em 19 de julho.
No ofício encaminhado à Polícia Federal, o ministro Jorge
Hage aponta empresas "identificadas por atuação que se afigura semelhante àquela da
Operação Sanguessuga", tornada pública pela PF dois meses
antes, com a prisão dos supostos chefes da máfia.
"Não há dados precisos, mas
o grupo Domanski deve ter de
10% a 15% do mercado, o que é
uma fatia razoável", calcula o
ministro do Controle e da
Transparência, com base na
análise de prestações de contas
de convênios assinados pelo
Ministério da Saúde com prefeituras entre 2000 e 2005. "É
o mesmo esquema de fraude",
disse Jorge Hage.
A compra de ambulâncias
por prefeituras com dinheiro
da União consumiu R$ 40,8 milhões em 2004. Em 2001, o valor alcançou R$ 60,7 milhões.
Nos últimos anos, as empresas
do grupo Planam detiveram
cerca da terça parte do negócio.
O nome da Domanski foi
mencionado em depoimentos
dos donos da Planam, empresa
que comanda a máfia dos sanguessugas. Eles narravam o início da atuação da Planam no
mercado de venda de ambulâncias a prefeituras.
Isso coincide com contato da
família Vedoin com a empresa
paranaense, que já comercializava unidades móveis de saúde.
Segundo Darci Vedoin, as licitações promovidas pela prefeitura já eram dirigidas para a
Domanski ganhar.
O testemunho do dono da
Planam é confirmado por documentos em poder da CGU.
Carta endereçada ao prefeito
de Guaraciaba (MG) em 10 de
dezembro de 99 e assinada por
Silvestre Domanski, dono da
empresa, propunha a venda de
ambulância. A carta sugere
"uma parceria" com o deputado Narcio Rodrigues (PSDB-MG), "pessoa de sua confiança"
(do prefeito). Ao final, apresenta como telefones de contato os
da empresa e os do gabinete do
deputado federal.
O deputado, que preside o
PSDB de Minas Gerais, contesta participação no negócio.
"Nunca ouvi falar nessa cidade,
nem sei onde fica, nunca tive
nenhum voto lá e nenhuma relação", afirmou Rodrigues.
Na época, o deputado já integrava a Comissão do Orçamento, como relator da área de saúde, e coordenava a bancada mineira do PSDB. Ele classifica a
suspeita de envolvimento com
o esquema paralelo de fraudes
como especulação "escandalosa" e "sem procedência", mas
considera a possibilidade de a
empresa ter usado seu nome:
"É natural que meu nome seja
citado dentro de qualquer articulação, o sujeito pode ter tentado um tipo de intimidade,
mas jamais iria indicar empresa para prefeito", disse o deputado. "Cadê as minhas digitais?", completou.
O nome do deputado não
aparece entre os que supostamente negociaram com a Planam.
A Folha apurou que, depois
da correspondência, a prefeitura de Guaraciaba comprou por
pouco mais de R$ 70 mil uma
unidade móvel de saúde da
Martier Comércio de Materiais
Médicos e Odontológicos, empresa que tem como um dos
donos Silvestre Domanski.
O negócio deu origem a uma
ação civil pública movida pelo
Ministério Público por suposto
ato de improbidade administrativa. A Folha não localizou
os dirigentes da Domanski na
sexta-feira à noite.
As investigações revelaram
que o convênio assinado em 99
com o Ministério da Saúde foi
executado por meio de licitação dirigida. O modelo da carta
convite foi fornecido pela própria Domanski. Junto, seguiu a
relação de empresas selecionadas para serem convidadas. Está tudo documentado.
A empresa Martier é apenas
uma das já identificadas como
integrantes do grupo Domanski. As outras são Merkosul Veículos, Maetê Comércio de Materiais Médicos e Odontológicos, Curitiba Bus e Reven Bus.
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