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Lula pode trocar 42 dos 47 diretores de agências até 2010
Desempenho da Anac na crise aérea provoca a discussão sobre o fim da estabilidade dos executivos dos órgãos reguladores
Segundo a associação que
representa as entidades,
problema é a qualificação
técnica dos indicados e não
a estabilidade na função
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Das 47 vagas de diretor de
agência reguladora, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá indicar 42 nomes até o final de seu governo, sem precisar fazer mudança na legislação. Dos atuais ocupantes de
cargos, 37 perdem o mandato
até o final de 2010. Outras cinco
vagas já estão abertas, aguardando nomeação do governo
ou aprovação do Senado.
Os dois últimos diretores de
agência indicados por Fernando Henrique Cardoso saem até
2008. José Leite Pereira Filho
deixa a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) em
novembro deste ano e José Alexandre Resende, da ANTT
(Agência Nacional de Transportes Terrestres), perde seu
mandato em fevereiro do ano
que vem.
Nas outras agências, Lula já
havia indicado todos os nomes
para compor a diretoria ao longo do seu primeiro mandato e
do início do segundo. A prevalecer a legislação atual, os diretores indicados por Lula terão
estabilidade por períodos que
variam de três a cinco anos, dependendo da agência.
Com a crise do setor aéreo e
os questionamentos a respeito
da atuação da Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil), a
estabilidade dos diretores nos
cargos começou a ser discutida.
De acordo com a associação
que representa as agências, o
problema não é a estabilidade,
é a qualificação técnica de
quem é indicado, uma responsabilidade direta do presidente
da República.
Voto de desconfiança
Para a Abdib (Associação
Brasileira da Infra-Estrutura e
Indústrias de Base), a estabilidade é importante, mas seria
preciso criar um mecanismo
que permitisse que diretores
fossem demitidos em casos especiais. "Seria como um voto de
desconfiança", disse Paulo Godoy, presidente da Abdib. Segundo ele, a demissão do diretor, no entanto, não poderia ser
decidida pelo presidente da República, e sim pelo Senado. "Seria uma condição especial, para
casos extremos, com regras claras e quórum bastante representativo", afirmou Godoy.
O executivo também defendeu que haja uma definição em
relação aos pré-requisitos técnicos e de experiência profissional para que um determinado nome possa vir a ocupar um
cargo de diretor de agência reguladora. "O problema principal está na origem. É preciso ter
um manual de enquadramento,
com exigências de currículo para cada agência, com critérios
bem objetivos", afirmou.
Na avaliação de Godoy, o governo poderia aproveitar a tramitação da lei que consolida a
legislação sobre agências reguladoras para criar essas regras.
Hoje, a lei só permite demissões de diretores em casos de
processos judiciais ou administrativos transitados em julgado. O diretor-geral da ANP
(Agência Nacional do Petróleo), Haroldo Lima, já defendeu
proposta semelhante à levantada pela Abdib.
De acordo com Álvaro Machado, presidente Abar (Associação Brasileira de Agências
de Regulação), além da competência técnica, o governo deve
ser rápido na indicação, para
que as agências não fiquem
muito tempo com cargos vagos
e tenham sua atuação comprometida. "É preciso dar prosseguimento às políticas públicas
para criar um clima propício ao
investimento", disse.
Ainda de acordo com Machado, a estabilidade é fundamental para que os investidores tenham confiança para entrar em
projetos no Brasil. "Quando se
questiona a estabilidade dos dirigentes, se cria um ambiente
instável", afirmou. "O importante na hora da indicação é
não atender às pressões de políticos nem às indicações feitas
por empresas reguladas pelas
agências", afirmou.
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