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RENÚNCIA FISCAL
Governador quer "paz e amor" e afirma que achou "bacana" frase de Itamar sobre montanhas mineiras
Covas diz não querer "guerra" com MG
da Sucursal de Brasília
O governador Mário Covas
(PSDB-SP) disse ontem que não
quer "guerra" com o colega de
Minas, Itamar Franco (PMDB),
que reagiu à decisão do governo
paulista de limitar em 20% a compra de produtos fora do Estado
por empresas que fazem recolhimento simplificado de impostos.
"Eu não quero guerra, ainda
mais com o Itamar Franco. Eu
sou ó...", afirmou, fazendo o gesto
de paz e amor.
Covas disse que seu Estado não
pode ser acusado de estimular a
guerra fiscal. "São Paulo é errado
em uma porção de coisas, mas
nisso não. Sei o que eu tenho ouvido porque a gente perde indústrias. E perde porque não faz isso
(guerra fiscal)."
Para ele, o governador que se
considerar prejudicado devem recorrer à Justiça. Ele disse que não
avaliou o impacto da decisão na
arrecadação dos outros Estados.
Covas disse ainda que achou
"bacana" uma declaração de Itamar na última segunda. Em resposta a Covas, o governador mineiro disse: "Não me preocupam
suas palavras corrosivas e cheias
de ironia. Elas se perdem com o
vento nas nossas montanhas".
Representantes de duas entidades empresariais de São Paulo
prevêem o aumento da sonegação
fiscal com as restrições ao uso do
Simples paulista -sistema que
permite o recolhimento facilitado
do ICMS, com redução das alíquotas (veja quadro abaixo).
Em 1º de julho entrou em vigor
uma lei estadual que limita em
20% as compras fora do Estado
pelas empresas que usam o Simples. A lei prevê verificações trimestrais, e quem descumprir a limitação é excluído do sistema.
A Federação das Câmaras de
Dirigentes Lojistas de São Paulo já
ingressou com uma ação direta de
inconstitucionalidade e promete
impetrar hoje um mandado de segurança coletivo contra a lei.
O presidente da federação,
Maurício Stainoff, afirma que a
restrição afeta 80% das 364 mil
empresas que utilizam o Simples
e espera aumento da sonegação
fiscal. "Toda vez que se cria uma
dificuldade, a sonegação cresce."
O presidente da Associação Comercial de São Paulo, Alencar
Burti, diz que já avisou ao governo que "muita gente está deixando de emitir nota fiscal".
A sonegação ocorreria para que
as empresas não sejam excluídas
do Simples -por ultrapassarem
o limite de faturamento ou o limite de compras em outros Estados.
O deputado estadual Paulo Teixeira (PT) apresentou um projeto
de lei que, se aprovado, acaba
com a limitação. "São Paulo perde
porque muitas empresas vão quebrar e o desemprego, aumentar."
A indústria paulista, que seria
beneficiada, também critica a lei.
Para Mário Bernardini, diretor da
Fiesp, a lei tem "distorções", mas
seu mérito é mostrar "as deformações do sistema" tributário.
"A guerra fiscal causa um turismo industrial. Está estimulando a
transferência do emprego, não a
criação de empregos."
Joseph Couri, presidente do
Simpi (Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São
Paulo), diz que pediu ao governo
que faça modificações na lei porque as empresas que utilizam matéria-prima de outros Estados e
fazem venda direta ao consumidor foram prejudicadas. Ele afirma, contudo, que a medida foi benéfica para as outras empresas.
O coordenador da Administração Tributária do Estado de São
Paulo, Clóvis Panzarini, admite a
possibilidade de a limitação fazer
crescer a sonegação.
Ele afirma estar estudando uma
adaptação da lei. "Nossa preocupação é só com os contribuintes
paulistas."
Colaborou Roberto Cosso, da
Reportagem Local
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