São Paulo, segunda-feira, 05 de setembro de 2005

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Maluf confirma que deixará PP

DA REPORTAGEM LOCAL

Indiciado pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, o ex-prefeito Paulo Maluf disse, neste final de semana, que irá deixar o PP, partido citado como um dos envolvido no escândalo do "mensalão".
"Não me sinto mais confortável no PP e não preciso dar as razões para isso. Diz um ditado árabe: "Nunca se justifique. Os amigos não precisam, os inimigos não acreditam". Não preciso me justificar. É só ler os jornais", afirmou o ex-prefeito.
Nesta semana, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP) também foi citado como suposto envolvido, o que levou a oposição a defender sua saída do cargo.
A situação de Maluf no PP não é boa. A cada eleição, ele assiste a um recrudescimento de seu poder político. No ano passado, parlamentares da sigla pediram o afastamento formal dele dos quadros partidários -o que não aconteceu.
Um dos possíveis destinos do ex-prefeito é o PTB, do deputado Roberto Jefferson.

Prisão
Maluf, que foi entrevistado anteontem pelo jornalista José Paulo de Andrade, da rádio Bandeirantes, criticou o pedido de prisão preventiva contra ele feito pela Polícia Federal -a Procuradoria ainda irá analisar o pedido, antes de encaminhá-lo ao Judiciário.
O ex-prefeito disse que a prisão foi baseada no depoimento do doleiro Vivaldo Alves, conhecido como Birigüi, que teria visto frustrada sua tentativa de extorquir Maluf em US$ 5 milhões.
Além da declaração do doleiro, tido como "colaborador", a PF tem grampos telefônicos autorizados pela Justiça e extratos bancários de países do exterior.
À polícia, Birigüi disse ter enviado remessas de dinheiro para o exterior a pedido de Flávio Maluf, filho do ex-prefeito, que também teve a prisão solicitada. As escutas revelam contatos de Flávio com o doleiro. "Estávamos sendo extorquidos", disse Maluf, que criticou a delação premiada.
"Isso está na moda. O sujeito mente, mente, mas se salva botando um outro no fogo. Como nós resistimos à extorsão, o doleiro foi à PF e fez a delação premiada", disse Maluf. "Esse indivíduo, réu confesso de contas no exterior, escapa do indiciamento para indiciar Paulo Maluf e seu filho."
O ex-prefeito voltou a dizer que as acusações contra ele são "cortina de fumaça", uma "pirotecnia para esconder maracutaias que estão acontecendo lá em Brasília".
Sobre a prisão, disse que nenhum juiz federal mandaria prender um homem pacífico, ex-governador e ex-prefeito. Quanto aos grampos, disse que os diálogos estão fora do contexto. Maluf completou anteontem 74 anos.


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