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INVESTIGAÇÃO
Autor de denúncias contra autoridades no Espírito Santo se recusa a detalhar investigações
Delegado volta a acusar membros de CPI
PATRÍCIA ANDRADE
enviada especial a Vitória
O delegado Francisco Vicente
Badenes Júnior, autor de um relatório sobre crime organizado no
Espírito Santo, depôs, pela segunda vez, na CPI que apura a ação de
grupos de extermínio e novamente se recusou a dar mais detalhes a
respeito de suas investigações.
No relatório elaborado por Badenes constam vários organogramas com nomes de pessoas supostamente vinculadas ao crime
organizado no Estado. O ministro
da Defesa, Élcio Álvares (PFL),
aparece em dois desses gráficos.
O argumento para se manter calado foi o de que integrantes da
CPI têm ligações com a Scuderie
Detetive Le Cocq, sucedânea do
esquadrão da morte capixaba. Badenes já havia dito que os deputados Gilson Lopes (PFL) e Gilson
Gomes (PPS) tinham sido membros da entidade.
Ontem, ele colocou sob suspeição a atuação do próprio presidente da comissão, Enivaldo dos
Anjos (PDT), e do deputado Luiz
Pereira Nascimento (PFL). Segundo Badenes, Anjos é amigo do
prefeito de Cariacica, Dejair Cabo
Camata, outro acusado de ligação
com grupos de extermínio.
Já em relação a Nascimento, o
delegado disse que ele é apontado
como suspeito de ser o mandante
de diversos assassinatos e de ter
"estreita vinculação com a Scuderie Detetive Le Cocq".
"Eu não sou amigo do cabo Camata, apenas o conheço, porque
ele é uma figura pública", disse o
presidente da comissão.
O delegado foi ao depoimento
armado com uma pistola de calibre 40 (de uso restrito da polícia)
e de um revólver 38. Ele afirmou
ter autorização da Secretaria de
Segurança Pública para usar armas e disse que estava com revólveres por "temer represálias" por
parte de integrantes da CPI.
Diante disso, Anjos pediu para
que seguranças da Casa fizessem
uma revista em todos os presentes. Ninguém portava armas.
Nas poucas ocasiões em que
respondeu às perguntas dos deputados, Badenes limitou-se a
afirmar que suas conclusões sobre a atuação dos grupos de extermínio estavam no relatório sobre
a morte do advogado Carlos Batista de Freitas, assassinado em
1992. Quando questionado sobre
os organogramas e sobre o possível envolvimento de Álvares e do
presidente da Assembléia, Carlos
Gratz, no crime organizado, o delegado disse apenas que costuma
"fazer diagramas de correlações".
"A minha conclusão está subscrita nos autos do inquérito sobre
a morte de Carlos Batista. Pedi a
prisão de uma dezena de pessoas.
Os organogramas estão lá, descritos no relatório. Agora, as conclusões que estão tirando é da responsabilidade de quem está divulgando esse relatório", afirmou.
O presidente da CPI ficou em cima do muro em relação à possibilidade de convocar Álvares e
Gratz para depor. "Se o plenário
decidir, qualquer pessoa pode
prestar esclarecimentos, até mesmo o presidente da República."
O relatório que Badenes enviou
à CPI é uma peça de quase 300 páginas. No final, o delegado sugere
o indiciamento de 14 pessoas que
estariam envolvidas em crimes
que têm relação entre si. Além de
Álvares e Gratz, aparecem nos
gráficos nomes como o do ex-governador do Espírito Santo Albuíno Azeredo, do prefeito Cabo Camata e do desembargador Correia Lima.
Ele não pediu o indiciamento de
nenhuma dessas pessoas.
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