São Paulo, Terça-feira, 05 de Outubro de 1999
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INVESTIGAÇÃO

O Ministro se encontrou com o presidente para falar sobre suposto envolvimento em crimes no ES

FHC divulga nota de apoio a Alvares

da Sucursal de Brasília

O ministro da Defesa, Elcio Alvares, recebeu ontem a solidariedade do presidente Fernando Henrique Cardoso em relação às acusações do delegado Francisco Badenes Júnior, que o apontam como chefe do crime organizado no Espírito Santo.
O porta-voz da Presidência, Georges Lamazière, disse que o presidente "nunca teve a menor dúvida sobre a correção da conduta do ministro".
A denúncia de que o ministro estaria ligado a grupos de extermínio, corrupção, tráfico de drogas e jogo do bicho foi publicada pela revista "IstoÉ".
No início da tarde de ontem, o ministro procurou FHC para apresentar explicações. Segundo Lamazière, Alvares disse ao presidente que a denúncia apresenta "total falta de base factual e total falta de cabimento".
O ministro disse que já recebeu cópia do inquérito e que ele parece "um filme". Segundo Alvares, no documento há apenas uma menção ao seu nome, numa agenda, que ele não especificou qual era. "E esse louco (o delegado Badenes) me coloca como chefe de organização criminosa."
O ministro disse que sua família ficou abalada com com a divulgação de notícias relacionando seu nome a crimes.
Ontem, o ministro mandou uma nota para os jornais, classificando o relatório policial de Badenes de "irresponsável e leviano" e afirmando que a denúncia é "absurda e difamatória". Segundo a nota, estão sendo tomadas providências junto ao Mistério da Justiça para "enquadramento criminal e civil" dos responsáveis pela publicação da notícia.
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), o presidente do PMDB, senador Jader Barbalho (PA), e outros senadores cobraram resposta do governo às denúncias.
O presidente do Senado foi veemente na defesa do ministro, que foi senador pelo PFL e líder do governo durante o primeiro mandato de FHC.
"Se isso fosse verdade, o assunto teria aparecido nas eleições que disputou no Espírito Santo. Isso nunca foi suscitado antes", disse. Para ACM, as denúncias da revista devem ter partido de alguém que quer prejudicar o ministro pelo fato de ele, apesar de civil, ocupar cargo importante na esfera militar.
A Folha apurou que o Ministério da Justiça recebeu, em abril de 98, um relatório sobre crime organizado no Espírito Santo assinado por quatro procuradores da República no Estado. O mesmo relatório foi encaminhado à Procuradoria Geral da República.
Questionada sobre o encaminhamento dado às denúncias, a assessoria do ministério não comentou o assunto.


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