São Paulo, Terça-feira, 05 de Outubro de 1999
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Estado depende de verba federal

da Agência Folha, em Rio Branco
do enviado especial a Rio Branco

Cem anos depois de ter sido anexado ao Brasil, o Estado do Acre ainda é quase inteiramente dependente dos recursos repassados pelo governo federal.
Quem reconhece isso é o próprio governador do Acre, Jorge Viana (PT). Segundo ele, a economia do Estado é sustentada pelos salários de seus 32 mil funcionários públicos.
Ele estima que, de cada R$ 1 arrecadado pelo governo local, R$ 0,85 é proveniente de repasses da União. "Para se ter uma idéia de nossa economia, o nosso parque industrial emprega apenas 600 operários. A nossa taxa de desemprego tem sido em torno de 20% da população economicamente ativa."
Sem indústrias e com uma agricultura de subsistência, o Acre não produz nem sequer a poluição que atinge o Estado, como a fumaça que paralisou a movimentação no aeroporto de Rio Branco e atrapalhou o tráfego aéreo durante boa parte do mês de agosto.
Segundo a Secretaria do Meio Ambiente do Acre, 60% da fumaça que atingiu o Estado era oriunda de queimadas na Bolívia. Outros 20% vieram de Mato Grosso, 10% de Rondônia e apenas 10% eram originários de fogo no território do Acre.
O Estado importa também a maioria dos produtos que seus habitantes consomem. O abastecimento difícil torna os preços mais altos em cidades cujo acesso só é possível por barco ou avião.
Em Cruzeiro do Sul, por exemplo, o quilo do tomate que chega de avião custa R$ 4. Em Rio Branco, o quilo é comprado por R$ 0,68. Em outras cidades, o botijão de gás chega a R$ 22, quase o dobro do preço praticado no restante do país.
Em seringais de Cruzeiro do Sul, Tarauacá e Feijó, a prática de escambo é comum.



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