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Dívida de US$ 22 mil vira crédito de R$ 2,1 milhões
da Agência Folha, em Rio Branco
e do enviado a Rio Branco
O vice-presidente do Tribunal
de Justiça do Acre, Jersey Pacheco
Nunes, conseguiu transformar
uma dívida de US$ 22 mil feita no
Banacre em 1984 em um crédito
de R$ 2,1 milhões.
A façanha foi obtida por meio
de disputa judicial travada no tribunal que o próprio Nunes já
presidiu entre 1995 e 1997. A operação é considerada um dos
maiores escândalos investigados
pela CPI do Banacre.
Para abater parte do crédito milionário, o Banacre teve de entregar a ele o prédio da agência que
funcionava no bairro mais nobre
de Rio Branco, avaliado em R$
400 mil. A CPI quer que o governo do Acre se recuse a pagar o
restante da dívida.
Nunes obteve o crédito ao vencer ação de indenização movida
contra o Banacre após ser executado como garantidor hipotecário (tipo de fiador) de empréstimo feito em 84 pela madeireira
Mabril.
A empresa tinha como sócia a
mulher do traficante de drogas
Francisco de Souza Farias, conhecido como "Cai-Cai".
Na época, Nunes era advogado.
"Cai-Cai" tinha sido preso dois
anos antes no interior de São
Paulo com 100 kg de cocaína. Ele
foi condenado, mas somente na
semana passada voltou a cumprir
a pena no presídio de Rio Branco.
Como garantia do empréstimo, o
vice-presidente do TJ-AC ofereceu ao Banacre um terreno que
teria comprado da Companhia
de Desenvolvimento Industrial
do Acre.
O empréstimo não foi honrado,
e o terreno acabou sendo loteado.
Nunes provou na Justiça que antes dele deveriam ser executados
os bens da Mabril e dos avalistas,
entre os quais figurava o próprio
"Cai-Cai".
Antes de voltar a cumprir pena,
o traficante disse à Folha que Nunes ganhou duas vezes do Banacre porque teria sido o beneficiário final do empréstimo.
"Ele está faltando com a verdade", reagiu Nunes. O desembargador disse que sabia do envolvimento de Farias com tráfico de
drogas, mas afirmou que resolveu garantir o empréstimo da
Mabril porque ele era um "empresário sólido" no Acre.
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