São Paulo, quinta-feira, 05 de outubro de 2000

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PSDB apoiará o melhor para SP, afirma FHC

DO ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse já ter conversado a respeito do segundo turno com o governador Mário Covas, principal liderança do PSDB paulista, e defendeu a tese de que a decisão sobre quem apoiar "tem que ser em função do que seja melhor para a cidade" de São Paulo.
"A cidade foi muito mal administrada, a corrupção esteve muito elevada e isso acho que vai pesar muito na decisão", disse, sem declarar apoio à petista Marta Suplicy no segundo turno da eleição paulistana.
O partido do adversário de Marta, Paulo Maluf (PPB), faz parte da coligação que sustenta o governo federal.
A Folha ainda tentou obter, junto à comitiva do presidente, uma posição mais definitiva, mas a única resposta foi: "Mais claro é impossível".

Pitta
De fato, se a cidade foi mal administrada, a culpa só pode ser do atual prefeito, Celso Pitta, uma cria política e eleitoral de Paulo Maluf.
E, se "a corrupção esteve muito elevada", ela é sempre associada à ações de Maluf, tanto que há vários processos contra o ex-prefeito em andamento na Justiça. Além disso, uma outra frase de FHC indica que seu apoio (ou, ao menos, o seu voto) irá para Marta. Fernando Henrique Cardoso disse que não se incomoda com possíveis consequências de ficar contra um candidato de partido governista.
"Eu não tenho preocupação com as consequências posteriores porque acho que o Brasil está num bom caminho, estamos em recuperação muito forte", disse.
"Eu não tenho preocupação com as consequências posteriores porque acho que o Brasil está num bom caminho, estamos em recuperação muito forte", afirmou o presidente.

Motivos
A Folha apurou que a posição do presidente é ditada muito mais por motivos pessoais do que por cálculo político.
FHC considera uma infâmia o episódio do chamado "dossiê Cayman", um papelório de origem duvidosa que supostamente indicava a existência de uma conta nesse paraíso fiscal do presidente (e mais do governador Covas, do ministro José Serra e de Sérgio Motta, já morto).
Há suspeitas de que Maluf envolveu-se na tentativa de dar divulgação ao papelório.
De todo modo, FHC evitou assumir uma posição definitiva, preferindo afirmar que segue o que o PSDB decidir.
O partido, até agora, só decidiu que não apóia Maluf, o que significa que tanto pode ficar neutro como apoiar Marta.
(CLÓVIS ROSSI)



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