LUIZ RABI

O Brasil vem passando por um processo de turbulência econômica, caracterizado pela ausência de crescimento real, juros e dólar nas alturas, desemprego por toda parte, consumo e massa salarial em franco declínio. O motivo: o modelo econômico implantado no país desde janeiro de 1995 está fazendo água e os agentes internacionais, que não caem nessa conversa fiada de "incerteza eleitoral", estão tirando o time. Esse modelo, baseado na total dependência da poupança externa, colocou o país de joelhos perante a banca internacional. São US$ 45 bilhões que ano após ano precisamos captar no exterior para continuar respirando. É preciso encontrar um outro caminho!
É perfeitamente possível conciliar crescimento com estabilidade no Brasil. Ocorre que o grande erro destes últimos oito anos foi considerar a estabilidade como um fim em si mesmo e não um veículo para a retomada do desenvolvimento econômico, objetivo último de qualquer governo.
Quando só se enxerga a estabilidade, perde-se a visão de longo prazo e, desta forma, toda a gestão macroeconômica mira somente o curto prazo. Assim, a reforma tributária não saiu, a reforma da Previdência foi capenga e insistiu-se num modelo cambial insustentável. Hoje, grande parte dos problemas econômicos que vivemos decorre da falta de visão estratégica que impediu a tomada de decisões importantes quando eram absolutamente necessárias.
O pensamento dominante da era FHC (bastava estabilizar que o resto viria por osmose) mostrou-se um tremendo fracasso. Esta lógica não pode perdurar por mais quatro anos. Chega de errar!
É tarefa básica do próximo governo devolver a capacidade de o Brasil voltar a crescer. É preciso uma mudança de rumo da condução da política econômica, desencadeando reformas que reduzam a nossa dependência externa e estimulem a geração autônoma de poupança, sem perder a condição de estabilidade monetária.
É por isto que Ciro Gomes, eleito, enviará ao Congresso, logo nos primeiros dias de seu mandato, um projeto de reforma tributária deslocando da produção para o consumo o ônus da tributação, melhorando a competitividade dos nossos produtos no comércio internacional. É por isto que Ciro Gomes, eleito, encaminhará também um projeto que reformulará os sistemas de previdência no Brasil, introduzindo o modelo de capitalização, que melhorará a confiança no sistema e contribuirá para a formação de poupança doméstica. É por isto que Ciro Gomes, eleito, atacará os gargalos que hoje existem nas nossas contas externas através de uma política industrial e de serviços ativa e inteligente combinada com medidas para melhorar a infra-estrutura, atrair seletivamente os investimentos diretos estrangeiros e determinar uma postura firme nas negociações internacionais.
Estamos começando mais uma década, aliás, um novo milênio, com os mesmos erros de política econômica que nos vitimaram nos últimos 20 anos do século passado. O Brasil não quer e não precisa ter mais uma década perdida. As graves dificuldades enfrentadas pela nossa sociedade somente poderão ser solucionadas através de estratégias que recoloquem o Brasil na estrada do desenvolvimento acelerado. O programa de governo de Ciro oferece este novo caminho. Vamos trilhá-lo!