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SÃO PAULO
Argumento é ouvido por Genoino
Empresários temem excesso de poder do PT
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A dianteira de Luiz Inácio Lula
da Silva na eleição presidencial, o
crescimento de José Genoino na
disputa de São Paulo e o mandato
de Marta Suplicy na prefeitura
paulistana acenderam um sinal
amarelo no empresariado: o PT
tem a possibilidade de assumir
três dos seis maiores Orçamentos
da República.
Foi esse argumento que diferentes empresários utilizaram em
conversas com o próprio Genoino e com o candidato ao Senado
Aloizio Mercadante (PT-SP) para
negar apoio, inclusive financeiro,
para a campanha petista ao governo de São Paulo. Lanterninha
entre os mais competitivos do início da campanha, ele disputa o segundo lugar com o pepebista
Paulo Maluf.
Segundo Genoino, um dos empresários lhe mostrou três dedos
da mão e disse: "Não tenho nada
contra você, mas dar os três maiores Orçamentos da República para o PT é demais".
Ainda na versão do candidato
petista, esse mesmo empresário
acrescentou: "Já ajudamos a eleger a Marta, que é uma das nossas, estamos digerindo bem a
campanha do Lula, que amadureceu muito, mas daí a dar também
o governo de São Paulo para os
petistas já é demais".
Mercadante confirma a conversa, avança que foi com um empresário "de comunicação" e diz que
não foi a única, mas um resumo
de manifestações ouvidas ao longo da campanha paulista, sobretudo quando Genoino passou a
ameaçar ir ao segundo turno contra o hoje favorito governador Geraldo Alckmin (PSDB), candidato
à reeleição.
Uma correção, porém, precisa
ser feita na frase do empresário
que conversou com os petistas e
que nem Genoino, nem Mercadante quiseram nomear. A Prefeitura de São Paulo já não é mais o
terceiro Orçamento da República.
É o sexto, depois da União e dos
Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande
do Sul, nesta ordem.
Para 2003, a receita primária (de
impostos e contribuições) prevista para a União é de R$ 327,9 bilhões. A do Estado de São Paulo,
de R$ 54,4 bilhões. E a da prefeitura paulista, de R$ 10,1 bilhões.
Para os empresários, que se
acostumaram a ver o PT como o
"inimigo político número 1", aceitar e, em alguns casos, apoiar o
partido já é uma enorme concessão. Mas concentrar essa dinheirama toda nas mãos dos velhos
adversários é um pouco demais.
"Vantagens"
Mercadante, porém, aponta
vantagens se os três dos Orçamentos mais exuberantes do país
fossem para administrações de
um mesmo partido: "Isso significa um potencial de parceria muito
grande entre as três esferas da Federação, e essa parceria é justamente o que está faltando hoje na
vida pública".
O candidato ao Senado imagina
que essa parceria entre União, Estado e município criaria um "esforço articulado" em áreas fundamentais, como combate à violência, educação e obras de infra-estrutura.
Na opinião de Mercadante,
quando cada uma dessas esferas é
comandada por um partido diferente, o que há é um conflito de
competência, uma duplicação de
esforços e de recursos e uma disputa pelos bônus políticos.
Uma outra questão, porém, é a
da concentração de interesses e
programas em São Paulo, em detrimento do resto do país. Essa já
é uma reclamação atual, com o
PSDB instalado no Palácio do Planalto e no governo paulista.
Mercadante responde: "Fomos
oposição durante anos e anos. Fomos discriminados na pele e não
vamos repetir esse mesmo erro.
Vamos fazer uma mudança de
padrão de gestão que não favoreça apenas aliados, mas as populações locais". A visão do PT, diz
ele, "é nacional".
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