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OPERAÇÃO GAFANHOTO
Policiais não apresentam credenciais e voltam ao Brasil sem documentos, o que deve atrasar apuração
PF investiga remessas ilegais para a Suíça
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal começou a investigar remessas de dinheiro do
chamado esquema dos gafanhotos -uma fraude na folha salarial
de Roraima- para a Suíça. Segundo as investigações, entre os
suspeitos de envio ilegal de verbas
públicas para o exterior está o governador do Estado, Flamarion
Portela (licenciado do PT).
Dois policiais enviados à suíça
no dia 22, porém, voltaram sem
documentos e causaram um incidente diplomático por não apresentarem as credenciais adequadas à Justiça suíça.
Ontem, o embaixador suíço em
Brasília, Jürg Leutert, conversou
com o diretor-geral, Paulo Lacerda, sobre o episódio. Ouviu que
houve uma falha interna da PF,
que será corrigida. A autorização
para os policiais deixarem o país
foi dada pelo diretor-executivo
Zulmar Pimentel, que ocupava o
cargo de Lacerda interinamente.
Não bastasse o incidente diplomático, a PF não conseguiu as informações que desejava, o que deve atrasar as investigações. Segundo a Folha apurou, Lacerda pediu
ajuda ao Ministério da Justiça,
que possui um setor específico
para repatriação de dinheiro ilegal, o DRCI (Departamento de
Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional).
O departamento já possui experiência de negociação com os suíços. O diretor do DRCI, Antenor
Madruga, conversa freqüentemente com as autoridades daquele país sobre contas de outros suspeitos de lavagem de dinheiro, como o ex-prefeito Paulo Maluf, de
São Paulo, que nega ter recursos
ilícitos no exterior.
Portela diz que não possui envolvimento no esquema, e seu secretário-adjunto de Comunicação, Péricles Verçosa Perruci, afirmou que Flamarion está sofrendo
perseguição de "alguns agentes
federais".
O chamado esquema dos gafanhotos teria consumido R$ 230
milhões do Tesouro de Roraima
em quatro anos, segundo as investigações. Ao todo, 30 autoridades do Estado teriam se beneficiado da fraude, que envolvia o uso
de cerca de 5.000 laranjas.
Segundo o processo que corre
no STJ (Superior Tribunal de Justiça), no qual Flamarion foi denunciado, a fraude consistia na
inclusão de nomes de servidores
fantasmas na folha salarial. Como
o pagamento do funcionalismo
era feito por uma empresa privada, o controle era dificultado.
Dificuldade
As remessas para o exterior foram identificadas pelo Ministério
Público Federal de Roraima, que
continua apurando o caso. A
maior dificuldade é ligar os suspeitos da fraude aos autores das
remessas, em sua maioria nomes
de laranjas.
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