São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2004

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BRASIL PROFUNDO

Pecuarista de Mato Grosso é acusado de trabalho escravo

Justiça condena fazendeiro a indenização de R$ 550 mil

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A Justiça do Trabalho em Mato Grosso condenou o pecuarista Sebastião Neves de Almeida a pagar indenização de R$ 500 mil por manter 136 trabalhadores rurais em regime de escravidão.
O dinheiro deverá ser revertido ao FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), administrado pelo Ministério do Trabalho.
Almeida ainda pagará R$ 50 mil em obrigações trabalhistas aos 136 ex-empregados, encontrados por uma equipe da Polícia Federal e do Ministério do Trabalho em maio de 2003 na fazenda Cinco Estrelas, em Novo Mundo (MT).
Segundo o Ministério Público do Trabalho, os empregados viviam em condições análogas às de escravo. João Vicente Scaravelli, advogado de Almeida, nega que o pecuarista tenha escravizado trabalhadores. Ele recorrerá ao TRT (Tribunal Regional do Trabalho).
A sentença do juiz do Trabalho Nilton Rangel Barreto Paim saiu em 17 de setembro, mas somente na sexta passada a procuradora-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho em Cuiabá, Eleney Bezerra Veloso, foi informada.
O pecuarista foi condenado à revelia por não ter aparecido em audiência marcada para 17 de agosto em Alta Floresta (MT).
Segundo Scaravelli, Almeida não compareceu porque estava com mandado de prisão decretado pela Justiça Federal desde maio de 2003, por causa da acusação de trabalho escravo. Em 17 de setembro, diz o advogado, Almeida obteve relaxamento da prisão.
A procuradora-chefe disse que os trabalhadores eram responsáveis por limpar o pasto da fazenda. Moravam em tendas cobertas por lona, não tinham alimentação nem água potável e sofriam agressões físicas. Segundo ela, os trabalhadores foram aliciados em Mato Grosso e no Maranhão.
"Houve interpretação abusiva do Ministério do Trabalho. Dormir em rede para paulistas e gaúchos pode parecer absurdo, mas é normal para o pessoal de Mato Grosso", afirmou o advogado. Ele admite que os trabalhadores foram contratados por aliciadores.


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