São Paulo, quarta, 5 de novembro de 1997.




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CRISE FINANCEIRA
Reunião do presidente e líderes governistas no Congresso termina sem medidas efetivas e com propostas vagas
Governo discute incentivos à exportação

da Sucursal de Brasília


O presidente Fernando Henrique Cardoso discutiu ontem com os líderes dos partidos governistas e com parte de sua equipe econômica a criação de novos mecanismos de incentivo às exportações.
Nenhuma medida concreta foi anunciada. Os líderes e o porta-voz de FHC, Sergio Amaral, citaram os produtos agrícolas e os bens de consumo como exemplos de setores que poderão ser beneficiados pelas medidas.
Na reunião, o ministro Pedro Malan (Fazenda) reafirmou a continuação da política de juros altos e descartou a possibilidade de desvalorização do real.
A discussão sobre novos mecanismos de incentivo às exportações tem como pano de fundo a recente crise financeira provocada pela queda das Bolsas de Valores.
Crise
O governo avalia que, além de combater o déficit público e trabalhar pela aprovação das reformas administrativa e previdenciária no Congresso, precisa reverter os déficits registrados na balança comercial -quando as importações superam as exportações.
No ano passado, o déficit da balança foi de US$ 5,5 bilhões. Nos primeiros dez meses deste ano, as importações já superaram as exportações em US$ 6,876 bilhões.
Ao reduzir o déficit comercial, o governo combateria um dos fatores que provocam a saída de dólares do país, o que torna o país mais vulnerável a um ataque especulativo contra o real.
"Virão outras medidas para que as exportações continuem a crescer", afirmou Sergio Amaral, após o encontro de duas horas entre FHC, parte de sua equipe econômica e os líderes no Congresso.
O encontro de ontem foi interpretado como uma sinalização do governo aos mercados financeiros interno e externo de que está se mobilizando para enfrentar novas crises financeiras provocadas por quedas nas Bolsas de Valores.
O ministro Malan reconheceu que a situação no mercado financeiro de Hong Kong (onde se originou o crash global) não está normalizada, o que deixaria o Brasil ainda sob o risco de sofrer uma nova perda de recursos internacionais investidos nas Bolsas do país.
"Estamos vivendo a era do capitalismo financeiro. Uma turbulência como essa não acaba amanhã, ainda mais para um país dependente de capitais especulativos", afirmou o líder do PSDB na Câmara, deputado Aécio Neves (MG), após sair da reunião.


Participaram também do encontro os ministros Clóvis Carvalho (Casa Civil), Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos), o secretário-geral da Presidência, Eduardo Jorge, os senadores José Roberto Arruda (PSDB-DF), Elcio Alvares (PFL-ES), Sérgio Machado (PSDB-CE), Jader Barbalho (PMDB-PA), Epitácio Cafeteira (PPB-MA), Odacir Soares (PFL-RO), Esperidião Amin (PPB-SC) e os deputados Luís Eduardo (PFL-BA), Aécio Neves (PSDB-MG), Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), Odelmo Leão (PPB-MG), Paulo Heslander (PTB-MG).



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