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PRIVATIZAÇÃO
Estatal de energia será leiloada hoje; mercado espera ágio de até 40% sobre o preço mínimo de R$ 1,77 bi
Quatro grupos disputam controle da CPFL
CLÁUDIA TREVISAN
da Reportagem Local
Quatro consórcios disputam ho
je o controle da CPFL (Companhia
Paulista de Força e Luz), a primei
ra das quatro estatais de energia do
Estado de São Paulo que serão pri
vatizadas até o final de 1998.
O número de participantes supe
ra a expectativa pessimista que do
minou o mercado após a crise que
abalou as Bolsas de todo o mundo
a partir do dia 23, com especial im
pacto sobre as brasileiras.
Na sexta-feira, o secretário de
Energia, David Zylbersztajn, havia
reduzido sua estimativa de partici
pantes para 2 ou 3 grupos. Antes
da crise, ele acreditava em um nú
mero entre 3 e 5.
O aumento da disputa elevou a
estimativa de ágio do mercado pa
ra algo entre 20% e 40%. O secretá
rio de Ciência, Tecnologia e De
senvolvimento Econômico, Emer
son Kapaz, afirmou ontem que o
governo espera um ágio de 20%.
Esse percentual elevaria o preço
das ações que serão leiloadas de R$
1,77 bilhão para R$ 2,1 bilhões.
A disputa é um forte indício de
que investidores estrangeiros
mantêm interesse no mercado
brasileiro apesar da turbulência
que atingiu a economia mundial.
Interessados
Dos quatro consórcios que parti
cipam do leilão hoje, pelo menos
dois representam capital externo:
a belga Tractebel e a Light, empre
sa que é controlada pela francesa
EDF (Élétricité de France) e as nor
te-americanas AES Corporation e
Houston Industries Energy.
Outro concorrente é a VBC, em
presa nacional criada pelos grupos
Votorantim, Bradesco e Camargo
Corrêa. A incógnita é o Opportu
nity, grupo financeiro brasileiro
que é o quarto interessado.
Não está claro com quem o Op
portunity entrará no leilão. É pro
vável que represente fundos de in
vestimentos sob sua administra
ção. Mas há possibilidade de asso
ciação com outras empresas.
Antes da crise que atingiu as Bol
sas, Zylbersztajn disse em entre
vista à Folha que a CPFL poderia
ser vendida por R$ 3 bilhões, o que
representaria um ágio de 76%.
Vários analistas de mercado
acreditavam em sobrepreço seme
lhante. Alguns deles chegaram a
falar em 100% de ágio.
Essas avaliações otimistas leva
vam em conta o sucesso de privati
zações recentes no setor elétrico.
No dia 21, dois dias antes do
crash global, o governo gaúcho
vendeu duas distribuidoras de
energia com ágios de 82,62% e
93,55%, os maiores pagos até ago
ra em privatizações de empresas
elétricas.
Leilão
O governo de São Paulo vende
hoje 57,6% das ações ordinárias
(com direito a voto) da CPFL. Ou
tros 10% de ordinárias serão ofere
cidos aos empregados entre os dias
11 e 21 de novembro, que poderão
também comprar 10% das prefe
renciais (sem direito a voto).
A maioria das ações que serão
vendidas pertence à Cesp (Compa
nhia Energética de São Paulo), a
maior estatal de energia do Estado,
que será privatizada em 1998.
O governo arrecadará no míni
mo R$ 2,092 bilhões com a venda
do controle da CPFL. Praticamen
te todo o dinheiro será usado para
reduzir parte da dívida da Cesp,
avaliada em R$ 12,5 bilhões.
As outras estatais de energia que
serão privatizadas são Eletropaulo
e Comgás. Das quatro, só a Com
gás é menor que a CPFL.
Se o leilão de hoje alcançar o ágio
de 20% esperado pelo governo, o
preço da CPFL ficará próximo do
da venda da Light, privatizada em
96 por R$ 2,2 bilhões. O valor da
Light só é menor que o obtido no
leilão de privatização da Vale do
Rio Doce, R$ 3,45 bilhões.
Colaborou Luís Costa Pinto, da Reportagem Local
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