São Paulo, quarta, 5 de novembro de 1997.




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PRIVATIZAÇÃO
Estatal de energia será leiloada hoje; mercado espera ágio de até 40% sobre o preço mínimo de R$ 1,77 bi
Quatro grupos disputam controle da CPFL

CLÁUDIA TREVISAN
da Reportagem Local

Quatro consórcios disputam ho je o controle da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), a primei ra das quatro estatais de energia do Estado de São Paulo que serão pri vatizadas até o final de 1998.
O número de participantes supe ra a expectativa pessimista que do minou o mercado após a crise que abalou as Bolsas de todo o mundo a partir do dia 23, com especial im pacto sobre as brasileiras.
Na sexta-feira, o secretário de Energia, David Zylbersztajn, havia reduzido sua estimativa de partici pantes para 2 ou 3 grupos. Antes da crise, ele acreditava em um nú mero entre 3 e 5.
O aumento da disputa elevou a estimativa de ágio do mercado pa ra algo entre 20% e 40%. O secretá rio de Ciência, Tecnologia e De senvolvimento Econômico, Emer son Kapaz, afirmou ontem que o governo espera um ágio de 20%. Esse percentual elevaria o preço das ações que serão leiloadas de R$ 1,77 bilhão para R$ 2,1 bilhões.
A disputa é um forte indício de que investidores estrangeiros mantêm interesse no mercado brasileiro apesar da turbulência que atingiu a economia mundial.
Interessados
Dos quatro consórcios que parti cipam do leilão hoje, pelo menos dois representam capital externo: a belga Tractebel e a Light, empre sa que é controlada pela francesa EDF (Élétricité de France) e as nor te-americanas AES Corporation e Houston Industries Energy.
Outro concorrente é a VBC, em presa nacional criada pelos grupos Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa. A incógnita é o Opportu nity, grupo financeiro brasileiro que é o quarto interessado.
Não está claro com quem o Op portunity entrará no leilão. É pro vável que represente fundos de in vestimentos sob sua administra ção. Mas há possibilidade de asso ciação com outras empresas.
Antes da crise que atingiu as Bol sas, Zylbersztajn disse em entre vista à Folha que a CPFL poderia ser vendida por R$ 3 bilhões, o que representaria um ágio de 76%.
Vários analistas de mercado acreditavam em sobrepreço seme lhante. Alguns deles chegaram a falar em 100% de ágio.
Essas avaliações otimistas leva vam em conta o sucesso de privati zações recentes no setor elétrico.
No dia 21, dois dias antes do crash global, o governo gaúcho vendeu duas distribuidoras de energia com ágios de 82,62% e 93,55%, os maiores pagos até ago ra em privatizações de empresas elétricas.
Leilão
O governo de São Paulo vende hoje 57,6% das ações ordinárias (com direito a voto) da CPFL. Ou tros 10% de ordinárias serão ofere cidos aos empregados entre os dias 11 e 21 de novembro, que poderão também comprar 10% das prefe renciais (sem direito a voto).
A maioria das ações que serão vendidas pertence à Cesp (Compa nhia Energética de São Paulo), a maior estatal de energia do Estado, que será privatizada em 1998.
O governo arrecadará no míni mo R$ 2,092 bilhões com a venda do controle da CPFL. Praticamen te todo o dinheiro será usado para reduzir parte da dívida da Cesp, avaliada em R$ 12,5 bilhões.
As outras estatais de energia que serão privatizadas são Eletropaulo e Comgás. Das quatro, só a Com gás é menor que a CPFL.
Se o leilão de hoje alcançar o ágio de 20% esperado pelo governo, o preço da CPFL ficará próximo do da venda da Light, privatizada em 96 por R$ 2,2 bilhões. O valor da Light só é menor que o obtido no leilão de privatização da Vale do Rio Doce, R$ 3,45 bilhões.


Colaborou Luís Costa Pinto, da Reportagem Local


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