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Governo cede Granja do Torto a equipe do PT
ANDRÉA MICHAEL
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em seu primeiro dia de trabalho
em Brasília, a equipe de transição
em processo de montagem pelo
PT constatou que será difícil contratar os técnicos necessários, que
não haverá tempo para uma radiografia completa da estrutura
do governo federal e que Luiz Inácio Lula da Silva e o comando político do partido precisarão de instalações próprias.
"Não dá para trazer o Lula
aqui", dizia ontem Luiz Gushiken,
do grupo técnico, enquanto almoçava com quatro assessores no
restaurante de comida a quilo do
prédio do Banco do Brasil cedido
aos petistas que preparam o novo
governo. Os cinco foram os pioneiros nos trabalhos de transição:
além de Gushiken, Marcos Flora e
Ademírson Lima, prestes a serem
oficializados na equipe, e dois assessores do PT no Congresso.
Eles puderam concluir que a
transição, elogiada como a mais
civilizada da história brasileira,
exigirá uma carga de trabalho incompatível com a estrutura que
os abriga. "Do jeito que está, não
vai ser possível conduzir o trabalho técnico", disse Gushiken. As
queixas surtiram efeito: o Palácio
do Planalto cedeu ontem a Granja
do Torto, que foi residência oficial
do ex-presidente João Baptista Figueiredo (79-85) e fica a cerca de
10 km do centro de Brasília.
Mas há mais problemas, a começar pela própria definição dos
nomes que esmiuçarão as contas
federais, os principais órgãos e
ministério e o andamento dos
programas e investimentos, para
fornecer subsídios ao início do
governo Lula.
Até agora, somam nove os indicados para a equipe que deverá
chegar a 50 pessoas. Segundo
Gushiken, a demora para formalizar todo o grupo não resulta da
falta de opções, mas de dificuldades em negociar com os técnicos a
ida para Brasília por dois meses,
sem maiores regalias nem chance
de integrar o futuro ministério.
"Há interesse das pessoas, mas
elas têm que ver se conseguem licença do trabalho para voltar depois ou se vale deixar o que estão
fazendo e vir para esse trabalho
sem uma garantia", disse Flora.
Antônio Palocci Filho, coordenador da equipe de transição do
PT, diz que até o final da semana
concluirá a nomeação. "São 20
coordenadores. Os demais são assessores. Só preciso de tempo para falar com as pessoas porque os
nomes já foram escolhidos", disse
Palocci, ontem, em Brasília.
Gushiken defende que os integrantes da equipe técnica trabalhem com uma lista de prioridades: informações sobre a Fazenda,
priorizando as fontes de receita,
Avança Brasil (programa que reúne os investimentos prioritários
do atual governo), programas sociais com foco no combate à fome
e um mapa de toda estrutura do
funcionalismo público federal.
Colaboraram LEILA SUWWAN e WILSON SILVEIRA e JULIANNA SOFIA, da
Sucursal de Brasília
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