São Paulo, terça-feira, 05 de novembro de 2002

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Governo cede Granja do Torto a equipe do PT

ANDRÉA MICHAEL
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em seu primeiro dia de trabalho em Brasília, a equipe de transição em processo de montagem pelo PT constatou que será difícil contratar os técnicos necessários, que não haverá tempo para uma radiografia completa da estrutura do governo federal e que Luiz Inácio Lula da Silva e o comando político do partido precisarão de instalações próprias.
"Não dá para trazer o Lula aqui", dizia ontem Luiz Gushiken, do grupo técnico, enquanto almoçava com quatro assessores no restaurante de comida a quilo do prédio do Banco do Brasil cedido aos petistas que preparam o novo governo. Os cinco foram os pioneiros nos trabalhos de transição: além de Gushiken, Marcos Flora e Ademírson Lima, prestes a serem oficializados na equipe, e dois assessores do PT no Congresso.
Eles puderam concluir que a transição, elogiada como a mais civilizada da história brasileira, exigirá uma carga de trabalho incompatível com a estrutura que os abriga. "Do jeito que está, não vai ser possível conduzir o trabalho técnico", disse Gushiken. As queixas surtiram efeito: o Palácio do Planalto cedeu ontem a Granja do Torto, que foi residência oficial do ex-presidente João Baptista Figueiredo (79-85) e fica a cerca de 10 km do centro de Brasília.
Mas há mais problemas, a começar pela própria definição dos nomes que esmiuçarão as contas federais, os principais órgãos e ministério e o andamento dos programas e investimentos, para fornecer subsídios ao início do governo Lula.
Até agora, somam nove os indicados para a equipe que deverá chegar a 50 pessoas. Segundo Gushiken, a demora para formalizar todo o grupo não resulta da falta de opções, mas de dificuldades em negociar com os técnicos a ida para Brasília por dois meses, sem maiores regalias nem chance de integrar o futuro ministério.
"Há interesse das pessoas, mas elas têm que ver se conseguem licença do trabalho para voltar depois ou se vale deixar o que estão fazendo e vir para esse trabalho sem uma garantia", disse Flora.
Antônio Palocci Filho, coordenador da equipe de transição do PT, diz que até o final da semana concluirá a nomeação. "São 20 coordenadores. Os demais são assessores. Só preciso de tempo para falar com as pessoas porque os nomes já foram escolhidos", disse Palocci, ontem, em Brasília.
Gushiken defende que os integrantes da equipe técnica trabalhem com uma lista de prioridades: informações sobre a Fazenda, priorizando as fontes de receita, Avança Brasil (programa que reúne os investimentos prioritários do atual governo), programas sociais com foco no combate à fome e um mapa de toda estrutura do funcionalismo público federal.


Colaboraram LEILA SUWWAN e WILSON SILVEIRA e JULIANNA SOFIA, da Sucursal de Brasília



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