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ORÇAMENTO
Governo cancela contratos
Saldo de restos a pagar pode ter caído R$ 2 bi
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para reduzir os chamados restos a pagar para o próximo ano, o
governo cancelou metade dos
contratos cuja entrega dos bens
ou serviços não foi concluída até o
final de outubro. A Folha apurou
que o valor do cancelamento pode chegar a R$ 2 bilhões.
Restos a pagar são despesas
contratadas pelo governo em um
ano, mas só efetivamente pagas
no exercício seguinte.
Segundo Tarcísio Godoy, secretário-adjunto do Tesouro Nacional, o cancelamento ocorrido no
final de outubro atingiu 50% dos
restos a pagar não-liquidados
-bens ou serviços contratados
que não foram entregues pelo fornecedor.
Um grande volume de restos a
pagar diminui a margem de manobra que o governo tem para administrar o Orçamento dos anos
seguintes.
Em vez de pagar despesas contratadas naquele ano, o governo
precisa quitar gastos feitos nos
exercícios anteriores ou empurrá-los para os próximos anos.
No final da tarde, o presidente
Fernando Henrique Cardoso se
reuniu com os ministros Pedro
Malan (Fazenda), Pedro Parente
(Casa Civil), Guilherme Dias (Planejamento) e Euclides Scalco (Secretaria Geral) para discutir o Orçamento deste ano. A Folha apurou que o governo pode anunciar
nos próximos dias uma nova liberação de recursos.
Na semana passada, o secretário
do Tesouro Nacional, Eduardo
Guardia, disse que o governo poderia liberar mais recursos caso
haja aumento da arrecadação de
impostos e contribuições.
Guardia também informou que
o volume de restos a pagar que a
gestão de FHC deixará para o próximo governo estava, de acordo
com dados de setembro, em R$
11,5 bilhões.
Desse total, cerca de R$ 4 bilhões eram relativos a restos a pagar não-liquidados, ainda segundo dados de setembro.
Por determinação de um decreto, os ministérios foram obrigados a cancelar metade desses contratos no final de outubro. Assim,
cerca de R$ 2 bilhões contratados
podem ter sido suspensos.
Godoy ressalva, no entanto, que
em outubro os ministérios podem ter agilizado a liquidação dos
restos a pagar pendentes para evitar o cancelamento. "Por isso, só
saberemos o valor do cancelamento em alguns dias."
Embora a data dos cancelamentos tenha sido 31 de outubro, os
ministérios têm até quinta-feira
para registrar as operações no
Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira).
No final deste mês, os órgãos federais serão obrigados a cancelar
o restante dos restos a pagar não-liquidados.
Ontem, foi publicado no "Diário Oficial" da União um decreto
criando excepcionalidades para o
cancelamento dos restos a pagar.
Entre as exceções estão despesas
do governo brasileiro no exterior
cujos recursos já tenham sido remetidos, importação de bens ou
serviços e ações financiadas com
recursos externos ou de doações.
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