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PESQUISA
Diagnóstico de 500 entrevistados é mais convergente do que era em 1989
Estudo identifica "consenso novo" entre as elites do país
LIA HAMA
DA REDAÇÃO
Existe hoje um consenso muito
maior entre as elites brasileiras
sobre as questões que envolvem o
desenvolvimento do país do que
havia no final dos anos 80. Se em
1989 havia uma forte polarização
em torno de temas como privatização, em 2002 há um diagnóstico
comum entre os membros das elites, que vêem de forma positiva as
reformas feitas pelo governo Fernando Henrique Cardoso e que
apontam a desigualdade social
como o principal desafio a ser enfrentado pelo próximo governo.
A análise é do cientista político
Bolívar Lamounier, 59, do Idesp
(Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo). Junto com o também cientista
político Amaury de Souza, ele
acaba de concluir um estudo baseado em entrevistas com 500 lideranças de diversos segmentos:
pequenas, médias e grandes empresas; sindicatos; Congresso Nacional; Executivo federal; Judiciário e Ministério Público; imprensa; lideranças religiosas e dirigentes de ONGs; e intelectuais.
"O Brasil tem mais consenso do
que as pessoas imaginam", afirma
Lamounier. "Em 1989 uma eleição como a do PT era impensável.
Há uma corrente subterrânea ao
processo eleitoral deste ano que é
esse consenso entre as elites", diz
o cientista político, que apresentou os resultados da pesquisa ontem no hotel Renaissance, em SP.
O estudo é uma repetição de outra pesquisa semelhante feita por
Lamounier em 1989, que teve entre seus entrevistados o presidente Fernando Henrique Cardoso, o
presidente eleito Luiz Inácio Lula
da Silva e o candidato tucano derrotado à Presidência, José Serra.
Foram consideradas de elite "as
pessoas que intervêm no processo
decisório nacional, seja como
protagonistas diretos, seja como
formadores de opinião, seja como
articuladores de demandas e
pressões suscetíveis de exercer
impacto significativo na formação da política pública".
Segundo Lamounier, há hoje
uma percepção comum de que a
questão social é o maior problema
do país. "Existe uma concordância absoluta na nossa elite sobre a
tragédia social no país", diz.
As políticas de combate à pobreza e à desigualdade foram justamente um dos pontos menos
bem avaliados do governo FHC,
ao lado das políticas energética e
industrial. À questão "Como o sr.
avalia o desempenho do governo
FHC no combate à pobreza e à desigualdade", apenas 18% responderam que o governo teve "algum", "muito" ou "completo" sucesso. As reformas de FHC, entretanto, tiveram aprovação alta. Os
itens mais bem avaliados foram:
prestígio internacional, estabilização da economia e relações com o
Congresso. O governo foi tido como "ótimo ou bom" por 48%, como "regular" por 32% e como
"ruim ou péssimo" por 19%.
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