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Economistas divergem sobre era FHC
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma combinação entre embate
de idéias e troca de farpas ocupou,
ontem à noite, o centro das atenções do seminário promovido pelo Idesp. Os protagonistas da cena
foram os economistas Edmar Bacha, um dos idealizadores do Plano Real e que foi presidente do
BNDES durante o governo FHC, e
Paulo Nogueira Batista Jr., professor da FGV-SP e crítico contundente da política econômica dos
últimos anos.
Batista Jr. e Bacha dividiram
com os economistas Eduardo
Giannetti da Fonseca e Márcio
Pochmann um painel cujo tema
era "Estabilização e reformulação
do modelo econômico".
Em sua exposição, o professor
da FGV-SP criticou o modelo de
liberalização da economia, a sobrevalorização do real, entre 1994
e 1999, e a dependência do capital
internacional que, segundo ele,
foram marcas da era FHC.
Batista Jr. disse que um desafio
que o futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrentará é
o "risco de continuísmo excessivo". Sintetizou como "esforços
que visam a congelar as práticas
dos anos 90" a orientação econômica que o PT herdará do último
acordo do país com o FMI. E criticou a Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Bacha, hoje consultor-sênior do
banco BBA, era debatedor da exposição de Batista Jr. e não deixou
por menos. Começou afirmando
que não imaginaria que Lula sofreria oposição da própria esquerda. Ele se referia ao comentário de
Batista Jr. a respeito do acordo
com o FMI, que recebeu apoio do
PT.
Ironizou o professor da FGV-SP
dizendo que, se ele era contra o
acordo com o Fundo, deveria ser
a favor da moratória, já que o país
depende dos recursos do FMI para fechar as contas em 2003.
Disse que Batista Jr. defendia o
isolacionismo, pois era contra a
Alca. E concluiu defendendo a
idéia de que o Brasil precisa aumentar "sua capacidade de se integrar produtiva e financeiramente nas correntes de comércio e finanças internacionais".
Batista Jr. pediu direito à réplica
e acusou Bacha de ter feito uma
caricatura do que ele havia dito.
O embate foi acompanhado
com atenção pela platéia. O banqueiro Pedro Moreira Salles, do
Unibanco, ao deixar o seminário,
disse concordar mais com as
idéias de Bacha: "Acho que o Brasil tem de apostar no caminho da
competitividade".
De forma geral, no entanto, nas
palestras da noite, predominou o
tom de crítica à política econômica da era FHC. O economista
Eduardo Giannetti da Fonseca,
por exemplo, disse que o governo
FHC deixou a desejar no que se
refere ao crescimento econômico
e à geração de emprego.
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