São Paulo, terça-feira, 05 de novembro de 2002

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NO AR

Mais de 22 mil

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

A única unanimidade no PMDB é que todos os lados garantem não desejar cargos no governo Lula. Os governadores eleitos Luiz Henrique e Roberto Requião não querem, nem o presidente Michel Temer.
Enquanto esperam outros, os peemedebistas se batem pelo cargo de presidente do Senado e do Congresso, que já estaria na mão do partido -depois do apoio oferecido pelo PT.
No conflito interno de sempre, desfilavam pelos telejornais e emissoras de rádio de Renan Calheiros a Ramez Tebet, sem esquecer Pedro Simon. Os três foram apresentados pela Globo como candidatos no Senado, junto com José Sarney.
Insinuou-se aqui e ali que o presidente eleito prefere Sarney -o que bastou para Calheiros e Tebet saírem afirmando que, na verdade, Lula está se portando de maneira exemplar, deixando para o partido a decisão.
Simon, por sua vez, apareceu para dizer que a "direção", de Calheiros, Tebet e Temer, é que deve entregar os pontos:
- A direção partidária foi a grande derrotada nesta eleição. Foi para um caminho que foi o caminho derrotado, não aceitou a candidatura própria, perdeu. E não está tendo humildade.
Não se trata de humildade, mas de poder -e cargos. Não só de presidente do Senado, mas de inúmeros outros, de primeiro, segundo e terceiro escalão.
Pelas cifras da CBN, são mais de 22 mil, inclusive duas dúzias de ministros ou quase.
É a grande mudança, aquela tão prometida pelos petistas em campanha: a maior dança das cadeiras desde o regime militar, no entender da CBN, ou ainda, mais provavelmente, desde a distribuição das capitanias.
 
De sua parte, os petistas são só afagos aos peemedebistas.
O presidente José Dirceu, com quem Calheiros deve se reunir hoje, pelo que espalhava ontem o próprio Calheiros, garantia a liberdade ao PMDB na escolha do presidente do Senado.
Segundo Dirceu, as conversas estão "avançadas" para o apoio. Na mesma linha foram João Paulo e José Genoino, no JN, sempre dizendo como vai bem o diálogo e como há "simpatia".
 
O PT pode até fechar com os peemedebistas no atacado, mas deve esperar outros problemas no varejo, no Congresso.
Severino Cavalcanti, lendário deputado que se diz líder do "baixo clero", avisava ontem no Jornal da Band que vai propor que os salários sejam dobrados na Câmara dos Deputados.
Segundo ele, os parlamentares não conseguem mais sustentar suas famílias e, sobretudo, atuar "de forma independente".


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