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NO AR
Mais de 22 mil
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
A única unanimidade no
PMDB é que todos os lados
garantem não desejar cargos no
governo Lula. Os governadores
eleitos Luiz Henrique e Roberto
Requião não querem, nem o
presidente Michel Temer.
Enquanto esperam outros, os
peemedebistas se batem pelo
cargo de presidente do Senado e
do Congresso, que já estaria na
mão do partido -depois do
apoio oferecido pelo PT.
No conflito interno de sempre,
desfilavam pelos telejornais e
emissoras de rádio de Renan
Calheiros a Ramez Tebet, sem
esquecer Pedro Simon. Os três
foram apresentados pela Globo
como candidatos no Senado,
junto com José Sarney.
Insinuou-se aqui e ali que o
presidente eleito prefere Sarney
-o que bastou para Calheiros e
Tebet saírem afirmando que, na
verdade, Lula está se portando
de maneira exemplar, deixando
para o partido a decisão.
Simon, por sua vez, apareceu
para dizer que a "direção", de
Calheiros, Tebet e Temer, é que
deve entregar os pontos:
- A direção partidária foi a
grande derrotada nesta eleição.
Foi para um caminho que foi o
caminho derrotado, não aceitou
a candidatura própria, perdeu.
E não está tendo humildade.
Não se trata de humildade,
mas de poder -e cargos. Não só
de presidente do Senado, mas de
inúmeros outros, de primeiro,
segundo e terceiro escalão.
Pelas cifras da CBN, são mais
de 22 mil, inclusive duas dúzias
de ministros ou quase.
É a grande mudança, aquela
tão prometida pelos petistas em
campanha: a maior dança das
cadeiras desde o regime militar,
no entender da CBN, ou ainda,
mais provavelmente, desde a
distribuição das capitanias.
De sua parte, os petistas são só
afagos aos peemedebistas.
O presidente José Dirceu, com
quem Calheiros deve se reunir
hoje, pelo que espalhava ontem
o próprio Calheiros, garantia a
liberdade ao PMDB na escolha
do presidente do Senado.
Segundo Dirceu, as conversas
estão "avançadas" para o apoio.
Na mesma linha foram João
Paulo e José Genoino, no JN,
sempre dizendo como vai bem o
diálogo e como há "simpatia".
O PT pode até fechar com os
peemedebistas no atacado, mas
deve esperar outros problemas
no varejo, no Congresso.
Severino Cavalcanti, lendário
deputado que se diz líder do
"baixo clero", avisava ontem no
Jornal da Band que vai propor
que os salários sejam dobrados
na Câmara dos Deputados.
Segundo ele, os parlamentares
não conseguem mais sustentar
suas famílias e, sobretudo, atuar
"de forma independente".
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