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Para advogados, faltam fatos contra Lula
DA REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo após o relator da CPI
dos Correios ter afirmado que
houve desvio de recursos públicos, oriundos do Banco do Brasil,
para financiar o esquema do
"mensalão", advogados ouvidos
pela Folha afirmam ainda não haver elementos para pedir o impeachment do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Para o criminalista Tales Castelo Branco, presidente do Instituto
dos Advogados de São Paulo, "se
não houver prova absoluta, concreta, de que Lula sabia do esquema, não há crime". "Esse crime só
admite prova comissiva [resultado de uma ação]: ele não é obrigado a saber, pode ter sido traído. A
presunção da inocência deve ser
honrada", afirma.
O juiz criminal aposentado Luiz
Flávio Gomes concorda. Para ele,
não chega a Lula a responsabilidade criminal no caso, mas, se ficar provado que ele sabia da operação, ele pode sofrer um processo de impeachment por praticar
atos indecorosos no exercício da
função (lei nš 1.079/1950).
"É precipitado dizer que se deveria propor o impeachment.
Mas é um indicativo grave [a acusação de que dinheiro público
abasteceu o "valerioduto"], diz o
advogado Miguel Reale Jr., ex-ministro da Justiça no governo FHC,
para quem "muitos elementos
ainda surgirão" das investigações.
Já um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) ouvido pela
Folha afirmou que Lula poderá,
sim, ser acusado de crime ou improbidade, apesar de dizer que
não sabia de irregularidades.
Para o ministro, a existência de
fartos indícios é considerada muitas vezes suficiente para justificar
um eventual processo, desde que
eles sejam "consistentes, convergentes e coerentes".
Envolvidos
O advogado Maurício Zanoide
de Moraes, presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, vê indícios de improbidade
administrativa, peculato e corrupção ativa e passiva cometidos
pelos envolvidos, caso se comprovem as acusações. Mas ressalta
que só uma boa investigação indicará os crimes e os responsáveis.
Zanoide também afirma que esses crimes só podem ser praticados de maneira dolosa, ou seja, "é
necessário que as pessoas tenham
plena consciência da origem criminosa dos recursos e de que estão cometendo um ato ilícito".
Quer dizer: supondo que os recursos viessem realmente do Banco do Brasil, só aqueles que soubessem dessa origem poderiam
responder pelos crimes citados.
O ministro do STF ouvido pela
Folha disse que os envolvidos estão, em princípio, sujeitos a responder por diversos crimes, entre
eles lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, falsidade documental e ideológica e prevaricação. Na hipótese de ação de improbidade administrativa, os
eventuais condenados poderão
sofrer perda de função pública,
suspensão dos direitos políticos,
bloqueio de bens, além de ressarcir os danos ao erário.
(CRISTINA FIBE, RODRIGO RÖTZSCH E SILVANA DE FREITAS)
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