São Paulo, sexta, 5 de dezembro de 1997.




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PRIVATIZAÇÃO
Banco Bozano, Simonsen oferece R$ 265,66 milhões por 75,6% do capital e supera instituição de Portugal
Meridional é vendido com ágio de 54,97%

CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio

O Banco Meridional foi privatizado ontem, em leilão realizado na Bolsa do Rio, com um ágio de 54,97% sobre o preço mínimo.
O Banco Bozano, Simonsen venceu a disputa com um lance de R$ 265,66 milhões por 75,61% do capital. O preço mínimo havia sido estipulado em R$ 171,43 milhões.
Foi a primeira privatização de um banco federal brasileiro desde que o atual programa de privatização começou, em 1991. O leilão durou 26 minutos e foi precedido de uma batalha jurídica de três horas contra uma liminar concedida anteontem à noite.
Foi a segunda tentativa de privatização do Meridional, incluído no programa de privatizações desde seu início. Em maio do ano passado, o banco iria a leilão com preço mínimo de R$ 438 milhões para o total das suas ações.
Dúvidas sobre a qualidade dos seus créditos levaram a um programa de saneamento comandado pelo Banco Central e a uma reavaliação. O preço para o total das ações caiu para R$ 210 milhões. A parcela que seria vendida, então, foi definida em R$ 171,43 milhões.
O Banco Bozano, Simonsen, oitavo no ranking das empresas financeiras de capital nacional, travou uma dura disputa com a Caixa Geral de Depósitos, banco de Portugal. O Bozano, Simonsen atuou por meio da Goldener Inc., subsidiária com sede nas Ilhas Cayman.
O Bradesco, outro participante do leilão, deu apenas o lance inicial, ao preço mínimo de R$ 80,66 por lote de mil ações.
No final, o Bozano, Simonsen ganhou a disputa com um lance de R$ 125 por lote de mil ações.
O Bozano, Simonsen vai pagar 90% com moedas de privatização, as chamadas "moedas podres" e 10% em dinheiro. Metade será paga no próximo dia 10, e a outra parte, em até 36 meses.
O leilão do Meridional estava marcado para começar às 10h. Minutos antes, foi lida uma ordem judicial informando a suspensão do leilão devido a uma liminar concedida pelo juiz Marcelo Ferreira de Souza Granato, da 3ª Vara Federal de Niterói (RJ).
O juiz estava de plantão na noite de quarta e, em substituição à juíza Valéria Medeiros de Albuquerque, da 9ª Vara Federal do Rio, concedeu liminar a uma ação popular impetrada pela advogada Cleyde Reis Magno, da assessoria jurídica do Sindicato dos Bancários do Rio.
O argumento da ação popular, que prossegue para julgamento do mérito, é de inadequação do edital de venda aos requisitos da lei. Entre outras coisas, ele estaria omitindo os números do passivo de curto prazo do Meridional.
Pouco antes das 13h chegou à Bolsa a informação de que a liminar fora cassada pelo desembargador Arnaldo Lima, presidente em exercício do TRF (Tribunal Regional Federal) do Rio.
O presidente do BC, Gustavo Franco, e o diretor de normas do órgão, Cláudio Mauch, que estavam desde o começo da manhã no gabinete da presidência da Bolsa, desceram para a sala do pregão, e o leilão começou às 12h59.
O Sindicato dos Bancários de Porto Alegre vai aguardar a posse da nova diretoria para pedir uma reunião com o Bozano, Simonsen. Segundo a assessoria de imprensa da entidade, o objetivo é evitar demissões de pessoal e o fechamento de agências.


Colaborou a Agência Folha, em Porto Alegre


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