São Paulo, terça-feira, 05 de dezembro de 2000

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Lista será entregue ao governo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A lista completa com 27 mil nomes de pessoas ligadas a perseguição, cárcere, tortura ou morte de presos políticos durante o regime militar será repassada ao governo federal até a próxima sexta-feira. A idéia dos grupos de direitos humanos é dar nova chance para que o governo possa identificar, dentre seus servidores, quais têm ligações com a prática de tortura e ocupam cargos de confiança.
A lista está sendo compilada pelo movimento Tortura Nunca Mais e será repassada pelo deputado Nilmário Miranda (PT-MG), ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. "Será uma forma de ajudar o governo a cumprir sua determinação de não ter torturadores em cargos de chefia", afirmou o deputado.
Os 27 mil nomes são divididos em nove categorias: dos que praticaram tortura, dos que atuaram em prisões ou cercos, dos que participaram de diligências, dos médicos-legistas ou peritos que assinaram laudos, dos encarregados de IPM, dos escrivães de polícia, dos colaboradores e informantes, dos funcionários lotados em órgãos ligados à repressão e dos militares indicados para integrar os conselhos de Justiça.
A decisão decorre do fato de ter sido identificado, semana passada, o ex-tenente Carlos Alberto Del Menezzi, então diretor do Departamento de Organização Criminosa da Abin. Ele é acusado pela prática de tortura entre 69 e 70, quando serviu em quartéis do Exército em Belo Horizonte, e trabalhava incógnito no serviço de inteligência havia 25 anos.
Por esse motivo, uma das cópias da listagem será entregue ao general Alberto Cardoso, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional. Após o episódio Del Menezzi, Cardoso havia determinado uma checagem preliminar com base na lista de 444 torturadores que constam do projeto "Brasil: Nunca Mais". "Se a Abin é uma entidade democrática, em seus quadros não pode haver ninguém ligado à repressão", afirmou Nilmário. (WILLIAM FRANÇA)



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