São Paulo, terça-feira, 05 de dezembro de 2000

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Ex-diretor da Abin depõe hoje

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Ariel de Cunto será ouvido hoje pelo Ministério Público Federal em Brasília. De Cunto perdeu o cargo na semana passada, demitido pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Alberto Cardoso.
O procurador Guilherme Schelb abriu procedimento administrativo para investigar denúncias veiculadas pela revista ""Veja" sobre irregularidades na atuação da Abin. De acordo com a reportagem publicada, a agência estaria ultrapassando suas atribuições ao investigar procuradores, jornalistas e até o governador de Minas Gerais, Itamar Franco.
"Queremos que ele explique com que objetivo a Abin teria ultrapassado suas atribuições legais, investigando até a atividade de políticos e procuradores", disse Schelb. O depoimento deverá ser longo. "Acho que vamos passar muitas horas nesse trabalho, porque serão abordadas todas as questões sobre as quais temos dúvidas, e em toda sua extensão", afirmou o procurador.
No rol de perguntas que De Cunto irá enfrentar está a contratação do tenente Carlos Alberto del Menezzi para o comando do Departamento de Organização Criminosa (Doc) da Abin, responsável por atividades de prevenção à espionagem.
No livro "Brasil: Nunca Mais", que lista o nome de 444 acusados de tortura nos porões do regime militar, aparece o nome de Menezzi. A contratação do tenente levou à demissão de De cunto, no dia 30 de novembro, data para a qual seu depoimento ao Ministério Público fora marcado inicialmente. "Quando abrimos a investigação sobre a Abin, eu liguei para ele. Foi o próprio De Cunto que sugeriu aquela data", diz Schelb.
Mas na última hora o depoente ligou para avisar que estava viajando e não poderia comparecer ao depoimento. Na verdade, De Cunto estava às voltas com a própria demissão, anunciada por seu chefe, general Alberto Cardoso.


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