DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O coordenador-adjunto da equipe de transição do PT, Luiz Gushiken, vai comandar a propaganda oficial do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a partir de 1º de janeiro. Gushiken pretende centralizar na Secom (Secretaria de Comunicação de Governo) a verba para a publicidade institucional, estimada em R$ 100 milhões no Orçamento Geral da União para 2003.
Deputado federal durante três legislaturas, de 1987 a 1999, Luiz Gushiken, 52, é administrador de empresas, ex-bancário e integrante do chamado núcleo duro do novo governo, integrado pelos petistas mais próximos ao presidente eleito.
Ele passou as últimas 48 horas tratando da nova formatação da secretaria de Comunicação. Anteontem, teve uma reunião com o atual secretário, João Roberto Vieira da Costa, e ontem ouviu a opinião de pessoas ligadas ao setor, inclusive da área publicitária.
Na conversa com Vieira da Costa, o ex-deputado federal encampou as mudanças encaminhadas pelo secretário de Fernando Henrique Cardoso. Entre elas, a discriminação no Orçamento do gasto publicitário em quatro segmentos: a propaganda institucional, a de utilidade pública, a mercadológica e a legal.
Antes, a verba de propaganda ficava escondida no Orçamento. Para 2003, estão previstos gastos de R$ 220 milhões da administração direta com publicidade, sendo R$ 100 milhões de publicidade institucional e R$ 120 milhões para as campanhas de utilidade pública. Vieira da Costa defendeu que a verba institucional fosse centralizada na Secom.
Gushiken concordou e pediu que o atual governo encaminhasse a solução para o problema. Vieira da Costa e o ministro Guilherme Dias (Planejamento) vão pedir que o relator do Orçamento, senador Sérgio Machado (PMDB-CE), faça a alocação dos R$ 100 milhões diretamente à secretaria. É uma maneira de evitar a pressão dos futuros ministros para manter a verba.
Outro passo para fortalecer a secretaria discutido ontem por Gushiken é a mudança da composição das comissões de licitação. Atualmente, as comissões são integradas por três representantes do ministério licitante e dois da Secom. Essa representação seria invertida.
Entre as pessoas ouvidas ontem pelo ex-deputado está o publicitário Duda Mendonça, o marqueteiro da campanha vitoriosa de Lula nas eleições de outubro.
Gushiken também está analisando a entrada da Secom no CENP (Comitê Executivo de Normas Padrão), que reunirá agências, veículos e anunciantes.
O assunto também está sendo examinado pela Advocacia Geral da União.
Em 2001, a administração direta gastou mais de R$ 300 milhões em publicidade, dos quais cerca de R$ 150 milhões só em dezembro. Nem o governo sabe quanto foi de publicidade institucional e de utilidade pública (campanhas como as de vacinação). Neste ano, o gasto até outubro estava em torno de R$ 229 milhões.
(RAYMUNDO COSTA)


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