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PSB volta atrás e cobra cargos no governo Lula
FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O PSB esqueceu ontem a promessa de dar apoio descompromissado a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e cobrou explicitamente
uma definição sobre os cargos a
que terá direito no governo.
Lideranças da legenda, após
reunião do diretório nacional em
Brasília, também demonstraram
preocupação quanto ao fato de os
petistas estarem dominando os
principais cargos do gabinete e
ainda avisaram: querem sua cota
na distribuição de estatais.
O recado foi dado por integrantes da Executiva do partido, como
forma de preservar o ex-presidenciável Anthony Garotinho e o presidente nacional da legenda, Miguel Arraes, que mantiveram a linha oficial de que os cargos não
são o mais importante agora.
"O Lula precisa dizer logo o que
quer do PSB. Quanto mais tempo
demora, mais incertezas, ambições e posturas indóceis dentro
do partido surgem ", disse o deputado federal Beto Albuquerque
(RS), um dos vice-presidentes da
legenda. "O tempo é o senhor da
razão, mas pode ser o senhor da
confusão também", completou.
Os integrantes do partido não
esconderam a insatisfação com o
fato de Lula estar priorizando a
escolha dos ministros petistas,
que poderão ser anunciados já
nesta semana, para os postos mais
importantes. Os ministros de legendas aliadas devem ficar para a
semana que vem.
"Só ouço falar de ministros do
PT. Parece que a ampla aliança do
Lula é só de petistas", disse o senador eleito e ex-governador João
Capiberibe (AP).
Com ironia, o líder do PSB na
Câmara, José Antônio Almeida
(MA), que foi vice de Garotinho,
disse que Lula segue estratégia celebrizada pelo ex-presidente Tancredo Neves. "O dr. Tancredo era
mestre em demorar a definir cargos, porque com o tempo os candidatos a ministério acabavam se
contentando em ser meros assessores. Acho que o Lula está seguindo essa lição", disse Almeida.
Os pessebistas também querem
influenciar a escolha de postos-chave no segundo escalão. O deputado Beto Albuquerque afirmou que seria "natural" que o
partido participasse da indicação
de diretores da Petrobras e do
BNDES, sediados no Rio, Estado
que será governado pelo partido.
"A governabilidade é uma via
de ida e volta. Nossos governadores apóiam Lula, mas têm de ser
ouvidos também", afirmou.
Capiberibe, por sua vez, afirmou que o partido tem bons quadros para comandar instituições
da região amazônica, como o
Banco da Amazônia e a Superintendência da Zona Franca de Manaus. "O critério para preenchimento dos cargos deveria ser
multipartidário e nesse sentido o
PSB tem muito a colaborar."
Já o governador Ronaldo Lessa
(AL) disse que já acertou com o
PT uma "parceria" para nomear
os cargos federais no Estado.
Intervenção
A Executiva Nacional do PSB
determinou a intervenção no diretório estadual de Goiás na tarde
de ontem. A mesma decisão foi
tomada para os diretórios do Ceará e do Distrito Federal.
Segundo nota divulgada, o motivo seria a falta de unidade do
partido em Goiás.
Apesar do PSB ter lançado a
candidatura do ex-governador
Anthony Garotinho à Presidência, o diretório optou por apoiar
José Serra (PSDB), descumprindo
a determinação nacional.
A executiva devera nomear uma
comissão provisória a partir de janeiro e, dentro de um prazo de até
um ano, decidir os nomes que
irão compor o diretório goiano.
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