São Paulo, quinta-feira, 05 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PSB volta atrás e cobra cargos no governo Lula

FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O PSB esqueceu ontem a promessa de dar apoio descompromissado a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e cobrou explicitamente uma definição sobre os cargos a que terá direito no governo.
Lideranças da legenda, após reunião do diretório nacional em Brasília, também demonstraram preocupação quanto ao fato de os petistas estarem dominando os principais cargos do gabinete e ainda avisaram: querem sua cota na distribuição de estatais.
O recado foi dado por integrantes da Executiva do partido, como forma de preservar o ex-presidenciável Anthony Garotinho e o presidente nacional da legenda, Miguel Arraes, que mantiveram a linha oficial de que os cargos não são o mais importante agora.
"O Lula precisa dizer logo o que quer do PSB. Quanto mais tempo demora, mais incertezas, ambições e posturas indóceis dentro do partido surgem ", disse o deputado federal Beto Albuquerque (RS), um dos vice-presidentes da legenda. "O tempo é o senhor da razão, mas pode ser o senhor da confusão também", completou.
Os integrantes do partido não esconderam a insatisfação com o fato de Lula estar priorizando a escolha dos ministros petistas, que poderão ser anunciados já nesta semana, para os postos mais importantes. Os ministros de legendas aliadas devem ficar para a semana que vem.
"Só ouço falar de ministros do PT. Parece que a ampla aliança do Lula é só de petistas", disse o senador eleito e ex-governador João Capiberibe (AP).
Com ironia, o líder do PSB na Câmara, José Antônio Almeida (MA), que foi vice de Garotinho, disse que Lula segue estratégia celebrizada pelo ex-presidente Tancredo Neves. "O dr. Tancredo era mestre em demorar a definir cargos, porque com o tempo os candidatos a ministério acabavam se contentando em ser meros assessores. Acho que o Lula está seguindo essa lição", disse Almeida.
Os pessebistas também querem influenciar a escolha de postos-chave no segundo escalão. O deputado Beto Albuquerque afirmou que seria "natural" que o partido participasse da indicação de diretores da Petrobras e do BNDES, sediados no Rio, Estado que será governado pelo partido.
"A governabilidade é uma via de ida e volta. Nossos governadores apóiam Lula, mas têm de ser ouvidos também", afirmou.
Capiberibe, por sua vez, afirmou que o partido tem bons quadros para comandar instituições da região amazônica, como o Banco da Amazônia e a Superintendência da Zona Franca de Manaus. "O critério para preenchimento dos cargos deveria ser multipartidário e nesse sentido o PSB tem muito a colaborar."
Já o governador Ronaldo Lessa (AL) disse que já acertou com o PT uma "parceria" para nomear os cargos federais no Estado.

Intervenção
A Executiva Nacional do PSB determinou a intervenção no diretório estadual de Goiás na tarde de ontem. A mesma decisão foi tomada para os diretórios do Ceará e do Distrito Federal.
Segundo nota divulgada, o motivo seria a falta de unidade do partido em Goiás.
Apesar do PSB ter lançado a candidatura do ex-governador Anthony Garotinho à Presidência, o diretório optou por apoiar José Serra (PSDB), descumprindo a determinação nacional.
A executiva devera nomear uma comissão provisória a partir de janeiro e, dentro de um prazo de até um ano, decidir os nomes que irão compor o diretório goiano.


Texto Anterior: Gushiken vai comandar publicidade oficial
Próximo Texto: Partido tem ao menos três ministeriáveis
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.