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VIAGEM AO ORIENTE
Para especialistas, comunicado não é contraponto a americanos, mas há "desequilíbrio" sobre Golã
Posição de Lula "não ajuda", dizem EUA
DE WASHINGTON
DA REPORTAGEM LOCAL]
A posição do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva em relação à
guerra do Iraque "não ajuda" na
solução dos atuais problemas do
país. Foi o que disse um funcionário do Departamento de Estado
dos Estados Unidos que não quis
ser identificado.
Durante viagem à Síria, Lula e o
ditador sírio Bashar al Assad assinaram um comunicado no qual
pediram uma rápida transferência de poder ao povo iraquiano
com maior participação da ONU.
No texto, a presença de tropas
americanas no Iraque foi chamada de "ocupação".
O representante norte-americano afirmou ainda que seria "impossível simplesmente devolver o
poder aos iraquianos sem colocar
o país sob novos riscos, inclusive
de um conflito interno". Ele afirmou também, que os EUA já vêm
buscando o apoio da ONU para a
solução dos problemas no país.
Para o historiador Luis Felipe de
Alencastro, da Universidade de
Paris 4 (Sorbonne), na França, o
presidente Lula "não cometeu nenhum disparate" ao assinar o comunicado. Segundo Alencastro,
todos os pontos polêmicos do texto são frutos de um debate mundial. "O próprio secretário-geral
das Nações Unidas, Kofi Annan,
chamou as forças americanas no
Iraque de forças de ocupação". O
historiador disse ainda que a posição brasileira foi "razoável e faz
sentido".
O professor de relações internacionais da Sciences Po, o Instituto
de Estudos Políticos de Paris, Alfredo Valladão, diz ser importante separar os conteúdos do comunicado e do discurso feito por Lula durante um jantar em Damasco. "[No discurso], o desequilíbrio surge com a menção da necessidade de Israel devolver à Síria as colinas do Golã. Mas Golã é
a "caixa d'água" de Israel e da Cisjordânia, com as nascentes e a reserva de água doce do lago Tiberíades. Lula não citou a necessidade de a Síria dar garantias sobre os
mananciais", explica.
Para Valladão, essa posição é
"desequilibrada" e deve ser compensada no futuro para não abrir
atritos com Israel e com os conservadores norte-americanos.
Já sobre o documento, que fala
do conflito no Iraque, Valladão
diz que Lula não se contrapõe a
Washington: "O comunicado
menciona o princípio de terra pela paz, no conflito entre Israel e
palestinos, que os norte-americanos apóiam. Os EUA também
concordam com a autonomia iraquiana, com os "passos acelerados" nessa direção e com maior
papel à ONU", diz.
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