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Lula faz interferência indevida, afirma Sobel
DA REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O rabino Henry Sobel, presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista, disse ontem
que o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, por ser um líder estrangeiro, dificilmente pode dar uma
opinião bem fundamentada sobre a ocupação das colinas do Golã por Israel. O rabino classificou
essa questão como "delicada".
"Cabe aos líderes israelenses e
sírios decidirem sobre esse problema. Dificilmente alguém de fora pode opinar sobre o assunto."
A defesa da desocupação das
colinas do Golã foi feita pelo presidente Lula anteontem, durante
sua passagem pela Síria.
Lula disse que vai votar na ONU
a favor da resolução que exige a
devolução das colinas à Síria. Localizadas na fronteira entre Síria e
Israel, foram ocupadas pelos israelenses após uma guerra em 67.
Sobel afirmou também que as
declarações não trarão novidades
ao relacionamento do governo
brasileiro com a comunidade judaica. "Dentro de Israel também
há pessoas que defendem a desocupação", disse o rabino.
Embaixador
Concordando com o presidente
Lula, o embaixador israelense no
Brasil, Daniel Gazit, disse ontem
ser a favor da criação de um Estado palestino.
"Eles poderiam ter um Estado
independente desde meados da
década de 40. Porém preferem
tentar conseguir mais concessões
pelo caminho do terror", afirmou
Gazit, por telefone, à Folha.
Em Damasco, Lula disse que defende "firmemente" a criação de
um Estado palestino. Para o presidente brasileiro, "a continuada
ocupação de territórios palestinos, a manutenção e expansão de
assentamentos são inaceitáveis".
"Não queremos dominar o povo palestino. Queremos paz, mas
os acordos sempre terminam em
violência e terror", afirmou o embaixador israelense.
Sobre a declaração de Lula de
que vai votar na ONU em favor da
resolução que exige a devolução à
Síria das colinas do Golã, Gazit
disse que Israel está na região devido aos ataques sírios.
Segundo o embaixador, é possível Israel pensar em devolver as
colinas do Golã somente caso a Síria queira assinar um acordo de
paz para realmente pôr fim aos
conflitos.
BBC
Com o título "Discurso de Lula é
mal recebido em Israel", o site da
BBC noticiou que os israelenses
reprovaram o discurso que o presidente brasileiro fez na Síria.
O site britânico ouviu Efraim
Innbar, professor da Universidade Bar-Ilan: "Lula deveria vir a Israel, e não ficar passeando por
países ditatoriais".
O repórter político do jornal
"Haaretz" Aluf Benn foi mais duro: "Israel não se importa com o
que pensa o Brasil. Está longe de
ser a nossa prioridade".
No governo de Israel, a resposta
foi diplomática. O porta-voz do
Ministério das Relações Exteriores do país, David Saranga, disse à
BBC que "não há nenhum motivo
de discórdia entre Israel e Brasil".
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