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São Paulo, sexta-feira, 05 de dezembro de 2003

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Lula faz interferência indevida, afirma Sobel

DA REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O rabino Henry Sobel, presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista, disse ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por ser um líder estrangeiro, dificilmente pode dar uma opinião bem fundamentada sobre a ocupação das colinas do Golã por Israel. O rabino classificou essa questão como "delicada".
"Cabe aos líderes israelenses e sírios decidirem sobre esse problema. Dificilmente alguém de fora pode opinar sobre o assunto."
A defesa da desocupação das colinas do Golã foi feita pelo presidente Lula anteontem, durante sua passagem pela Síria.
Lula disse que vai votar na ONU a favor da resolução que exige a devolução das colinas à Síria. Localizadas na fronteira entre Síria e Israel, foram ocupadas pelos israelenses após uma guerra em 67.
Sobel afirmou também que as declarações não trarão novidades ao relacionamento do governo brasileiro com a comunidade judaica. "Dentro de Israel também há pessoas que defendem a desocupação", disse o rabino.

Embaixador
Concordando com o presidente Lula, o embaixador israelense no Brasil, Daniel Gazit, disse ontem ser a favor da criação de um Estado palestino.
"Eles poderiam ter um Estado independente desde meados da década de 40. Porém preferem tentar conseguir mais concessões pelo caminho do terror", afirmou Gazit, por telefone, à Folha.
Em Damasco, Lula disse que defende "firmemente" a criação de um Estado palestino. Para o presidente brasileiro, "a continuada ocupação de territórios palestinos, a manutenção e expansão de assentamentos são inaceitáveis".
"Não queremos dominar o povo palestino. Queremos paz, mas os acordos sempre terminam em violência e terror", afirmou o embaixador israelense.
Sobre a declaração de Lula de que vai votar na ONU em favor da resolução que exige a devolução à Síria das colinas do Golã, Gazit disse que Israel está na região devido aos ataques sírios.
Segundo o embaixador, é possível Israel pensar em devolver as colinas do Golã somente caso a Síria queira assinar um acordo de paz para realmente pôr fim aos conflitos.

BBC
Com o título "Discurso de Lula é mal recebido em Israel", o site da BBC noticiou que os israelenses reprovaram o discurso que o presidente brasileiro fez na Síria.
O site britânico ouviu Efraim Innbar, professor da Universidade Bar-Ilan: "Lula deveria vir a Israel, e não ficar passeando por países ditatoriais".
O repórter político do jornal "Haaretz" Aluf Benn foi mais duro: "Israel não se importa com o que pensa o Brasil. Está longe de ser a nossa prioridade".
No governo de Israel, a resposta foi diplomática. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, David Saranga, disse à BBC que "não há nenhum motivo de discórdia entre Israel e Brasil".


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