São Paulo, quarta-feira, 05 de dezembro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Novos tempos

A liderança de Garibaldi Alves (RN) na bolsa de apostas para suceder Renan Calheiros (AL) resulta de garantias oferecidas pelo candidato -ao próprio Renan, por cuja absolvição votou, e ao Planalto, que espera do eventual presidente comportamento bem diverso do exibido na inesquecível CPI dos Bingos.
Mas é sintoma também do enfraquecimento do grupo que liderou o PMDB no Senado no primeiro governo Lula. Renan e José Sarney (AP) bem gostariam de patrocinar a eleição de um peemedebista mais próximo, como Valdir Raupp (RO). Estão dispostos, porém, a aceitar uma solução de compromisso em troca de indicar o sucessor de Silas Rondeau no Ministério das Minas e Energia. Tudo em sintonia com o PMDB da Câmara, no passado relegado a segundo plano.

Ala VIP. Outrora baixo clero, Garibaldi assistiu ao discurso de Renan antes da absolvição ao lado de Roseana Sarney (MA) e do presidente do PMDB, Michel Temer. A cúpula do partido espera fechar ainda hoje o apoio da bancada à candidatura.

Maratona. O interminável discurso de Renan exauriu até seus aliados. "Não acaba, não acaba...", dizia baixinho Roseana, enquanto caminhava de um lado para outro.

Gravando! Pouco antes de subir à tribuna para se manifestar indignado diante da iminente absolvição de Renan por seus pares, Demóstenes Torres (DEM-GO) papeava animadamente com o senador no plenário, no melhor estilo tapinha nas costas.

Plus. Dentro do programa "deixe um senador alegre", Valter Pereira, que já havia emplacado o aliado Flodoaldo Alencar no Incra de Mato Grosso do Sul, ganhará do governo também a nomeação do correligionário Waldir Miranda para o Ibama local. Assim, fica garantido o voto pró-CPMF do peemedebista.

Veja bem. O PR, que andava meio relaxado quanto à perspectiva de dissidência de Expedito Júnior (RO) e Cesar Borges (BA), passou a usar o argumento da "perda de prestígio" -leia-se cargos e emendas- que o partido terá caso os dois insistam em votar contra a CPMF. A cúpula acha possível recuperar pelo menos Expedito, ávido por postos no segundo escalão.

Tropa de elite. O PAC da Saúde inclui uma Força Nacional de Emergência, inspirada na que existe para a segurança. Até 2011, terá 2.000 médicos, mil enfermeiros e cem dentistas para crises. O gasto será de R$ 346 mi.

Babel. As centrais sindicais marcham hoje até o Planalto divididas quanto a reivindicações na área da saúde. A CUT é contra o projeto das fundações estatais para contratações para o setor via CLT. Já a Força apóia a proposta.

Corpo mole. José Eduardo Cardozo perdeu nos três Estados onde governadores apoiaram sua candidatura à presidência do PT. Em Sergipe, de Marcelo Déda, ficou em quarto. Na Bahia, de Jaques Wagner, em terceiro. E no Pará, de Ana Julia, em segundo.

Descendente. Além do baque sofrido por José Dirceu, João Paulo e outros medalhões, a eleição da sigla vitimou mais um capa-preta do antigo Campo Majoritário. O ex-governador Zeca do PT perdeu o controle do partido em Mato Grosso do Sul.

Homenagem. Octavio Frias de Oliveira, publisher da Folha morto em 29 de abril aos 94 anos, foi homenageado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito das Comunicações. Os jornalistas Armando Nogueira e Alberto Dines também foram agraciados.

Visita à Folha. Jorge Paulo Lemann, integrante do Conselho de Administração do instituto Endeavor, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Paulo Veras, diretor-geral, e de Maristela Mafei, sócia-diretora da Máquina da Notícia.

Tiroteio

"O segundo turno do PT será mais ou menos como a escolha entre o seis e o meia dúzia."


Do deputado DR. ROSINHA (PT-PR), apoiador da candidatura de José Eduardo Cardozo, sobre o provável embate na segunda etapa da eleição petista entre o atual presidente, Ricardo Berzoini, e Jilmar Tatto.

Contraponto

Contra o império

Em visita a Oscar Niemeyer na semana passada, Lula viu sobre a mesa de trabalho do arquiteto uma caixa de cigarrilhas, as mesmas de sua preferência.
-Você ainda fuma?-, quis saber o presidente.
Diante da resposta positiva, Lula se empolgou:
-O Niemeyer é o meu exemplo! Eu conto pra todo mundo que, aos 96 anos, ele foi me visitar e ainda tomava o seu uisquezinho, fumava a sua cigarrilha... E ainda fica todo mundo me pedindo pra parar de fumar!
-Você tem todo o meu apoio-, respondeu Niemeyer, que completa cem anos no próximo dia 15.
Só que o motivo não era bem o imaginado por Lula:
-Porque você está do lado do povo e contra o Bush!


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