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Lista de nomes de donos de rádios e TVs estará na internet, diz ministro
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O novo ministro das comunicações, Miro Teixeira, declarou, em
entrevista exclusiva à Folha, que
vai abrir a "caixa preta" da radiodifusão, divulgando, pela internet, o cadastro do ministério que
contém os nomes dos sócios das
emissoras de rádio e de televisão
em todo o país.
Será a primeira vez que tais informações ficarão disponíveis ao
público. Hoje só há um caminho
para se conhecer os titulares de
concessões de radiodifusão: pela
investigação em Juntas Comerciais e cartórios de registro de documentos de todo o país, já que os
extratos dos contratos de concessão publicados pelo governo no
"Diário Oficial" da União só traz
os nomes das empresas, sem a especificação de seus proprietários.
A listagem dos sócios das empresas de radiodifusão ainda é
tratada como segredo de Estado.
Um dos motivos é a grande presença de políticos no setor, o que
acabou motivando a expressão
"coronelismo eletrônico".
Nos últimos dez anos, a Folha
só teve acesso ao cadastro de sócios de rádio e TV duas vezes: em
dezembro de 1994, quando o então ministro Djalma Morais (Comunicações) autorizou a emissão
de uma cópia do cadastro para o
jornal, e em abril de 2000, quando
a liderança do PT franqueou uma
cópia obtida pelo deputado federal Walter Pinheiro (BA).
"O cidadão tem direito de saber
a quem pertencem os meios de
comunicação. Se os jornais trazem os nomes dos responsáveis
no expediente, por que as rádios e
TVs têm tratamento diferenciado?", indagou o ministro. Segundo Miro, não há disposição legal
que justifique o sigilo.
Na avaliação dele, as grandes
empresas não irão se opor à transparência de informações. Indagado se está preparado para uma
reação negativa por parte de governadores, senadores, deputados, prefeitos e vereadores que
têm concessões de rádio e TV, Miro respondeu: "Não há vespeiro
quando se trabalha com a lei".
O ministro anunciou também
que passará a fazer licitações públicas para as concessões de rádios e de TVs educativas e para a
distribuição de licenças de retransmissoras de TV. Atualmente, as concessões de rádios educativas e as retransmissoras de TV
(que não geram programação)
são prerrogativa do ministro, enquanto as concessões de TV educativas, geradoras de programação, são autorizadas pelo presidente da República. "Se houver
mais de um interessado por uma
licença de retransmissora ou por
uma concessão de emissora educativa, a escolha será feita em concorrência pública", disse.
O ministro se disse a favor de
que todas as denominações religiosas tenham acesso a emissoras
de radio e TV, desde que haja espectro de frequência disponível e
que o processo de concessão seja
transparente.
Ele afirmou que, na segunda-feira, a consultoria jurídica do ministério analisará as informações
das empresas ligadas às igrejas
Renascer e Deus É Amor, que disputam licitações de emissoras comerciais. Se os sócios das empresas não tiverem condição financeira que justifique as ofertas de
preços apresentadas, a Receita Federal os investigará, diz Miro.
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