São Paulo, terça-feira, 06 de janeiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JANIO DE FREITAS

Começa o jogo

A cúpula do governo considera questão primordial a reeleição de Marta Suplicy, para a qual lhe tem dado ajuda financeira e política incomparável, mas um pequeno e simples entendimento entre dois opositores do governo e do PT é capaz de inutilizar todos os gastos e esforços do continuísmo petista.
Relembremos o Datafolha de duas semanas atrás: Paulo Maluf e José Serra ocupam os dois primeiros lugares, com 20% cada; Marta Suplicy está em terceiro, com 18%, e a ex-prefeita Luiza Erundina, por menos que frequente o noticiário, tem 12%. Mais recente ainda, outra pesquisa Datafolha comprova que o prestígio de Marta, sétima entre prefeitos de capitais avaliados, não é grande coisa entre os paulistanos: só 32% a vêem como ótima ou boa prefeita, ao passo que 67% a consideram péssima, ruim ou apenas regular, três qualificações que não convidam ao voto.
Paulo Maluf apoiar Serra é tão improvável quanto Serra apoiar Maluf. Daí não se deduzirá que seja igualmente difícil que os dois assumam posições idênticas diante da eleição, com o objetivo comum de derrotar o adversário que tem o propósito de dominar São Paulo e o próprio país.
Se intragáveis entre si, Serra e Maluf não têm objeções intransponíveis a Luiza Erundina. E dela fazer a candidata de ambos à prefeitura paulistana, com um acordo de reciprocidades facilitado pela conveniência das partes, tende a resultar em uma soma de votos capaz de derrubar as pretensões que a cúpula petista projeta a partir de São Paulo.
Há referências à procura de acordo entre o PT e Paulo Maluf, no qual o primeiro figuraria como poder influente e o segundo como carente de melhor encaminhamento do caso em que é acusado de remessas ilegais de dólares. O caso está, porém, na órbita de Procuradoria, Promotoria e Judiciário, instâncias em que o governo não pode ter certeza de influência a ponto de empenhá-la em acordo eleitoral -a menos que fizesse o acordo já admitindo traí-lo.
A recusa de José Serra a concorrer está sujeita a reconsideração, que se justificaria pela possibilidade de sua chegada ao segundo turno caso amplie sua base de apoio. Mas tal possibilidade continua entre as hipóteses remotas, por suas dificuldades e riscos muito maiores do que outras.

Reanimação
Do PMDB, o noticiário e os colunistas só têm falado, nos últimos tempos, a propósito de cargos pretendidos e ministérios esperados na reforma ministerial.
Sob esse fogaréu, os principais do partido estão desenvolvendo costuras para nada menos do que isso: retornar o PMDB à posição de maior e mais poderoso dos partidos.

Boas idéias
O novo presidente do Flamengo, ex-deputado Márcio Braga, tem programado um encontro hoje com Lula, levando um conjunto muito bom de idéias para corrigir males do futebol, dos clubes e de sua administração no Brasil. Um deles é a necessidade de legislação especial para as relações entre clubes e jogadores, para reduzir o ônus que o êxodo de craques representa para os clubes que investiram para formá-los, e em geral ficam com migalhas nas transações multimilionárias.
Márcio Braga propõe uma taxação que faz todo o sentido, em benefício dos clubes, e portanto do esporte, e do próprio país.


Texto Anterior: Perfil: Sogro impulsionou carreira
Próximo Texto: Encontro: Lula e FHC recebem prêmio em meio a farpas e elogios
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.