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ENCONTRO
Petista e tucano são homenageados por atuação na transição de governo
Lula e FHC recebem prêmio em meio a farpas e elogios
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O encontro entre o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso foi marcado por
trocas de elogios e de farpas.
Lula e FHC receberam ontem,
em Brasília, o Prêmio Notre Dame 2003 pela participação de ambos na transição de governo no final de 2002. A cerimônia aconteceu no Palácio do Itamaraty.
O presidente da Universidade
de Notre Dame, reverendo Edward Malloy, disse que Fernando
Henrique e Lula "são exemplos
para a América Latina".
Esse foi o primeiro encontro
público de FHC e Lula no Brasil
após a posse, no dia 1º de janeiro
de 2003. Quando os convidados
de FHC e Lula começaram a chegar ao auditório do Itamaraty, ficou claro que tucanos e petistas ficariam sentados em lados opostos do auditório, o que ocorreu.
FHC iniciou seu discurso afirmando que fugiria do improviso
para não se alongar.
"Tentarei ser realmente breve e
evitarei improvisos."
Já Lula deu início à sua fala afirmando que leria apenas a última
frase do seu discurso escrito.
"O ambiente está para o improviso", justificou.
O tom dos discursos foi marcado por elogios ao fato de a transição ter contribuído para a consolidação da democracia no Brasil.
A última transmissão de cargo feita por presidentes democraticamente eleitos ocorreu em 1960.
Elogios à parte, FHC afirmou
que os principais problemas do
país ainda não foram resolvidos.
"As incertezas econômicas, as
dificuldades para fazer frente às
necessidades de uma população
ainda muito carente de meios de
vida e de ocupação, a angústia gerada pela falta de segurança pública, a violência crescente impulsionada pelo crime organizado e pelas drogas, a repulsa pela impunidade e tantos outros problemas
continuam a desafiar os esforços
dos governos e da sociedade."
Ainda ao falar sobre a contribuição de ambos para a consolidação da democracia, FHC deixou claro que isso ocorreu apesar
de a equipe de Lula ser formada
por "pessoas que fizeram uma
oposição tenaz" ao seu governo.
Lula, que pelo protocolo foi o
último a discursar, ressaltou o fato de ele e FHC terem conseguido
isolar as disputas eleitorais do
campo pessoal. "Muitas vezes as
pessoas confundem o calor de
uma disputa política com disputas pessoais". O presidente disse
que a transição democrática foi
um "aviso" ao mundo. "A transição, da forma como foi feita, foi
uma espécie de aviso ao mundo
sobre a nossa competência para
exercer a democracia."
Lula e FHC receberam US$ 10
mil cada um e indicaram instituições para receber um prêmio de
igual valor. O petista escolheu o
Fome Zero, e o ex-presidente, a
Comunitas, uma organização
não-governamental fundada por
sua mulher, Ruth Cardoso.
Antes da premiação, Lula e FHC
reuniram-se por cerca de dez minutos em uma sala do Itamaraty.
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