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NO AR
Um juiz lá
NELSON DE SÁ
EDITOR DE ILUSTRADA
Em entrevista à Radiobrás,
o ex-ministro Rubens Ricúpero argumentou de forma
curiosa, em favor da estratégia
do governo Lula nas negociações da Alca:
- No Brasil, os críticos esquecem que a idéia de negociar em
termos bilaterais, Mercosul com
EUA, nasceu dos americanos...
Quem acha que não é boa idéia
devia ver que ela partiu dos
EUA e não de nós.
O ex-ministro, não sem alguma ironia, parece dizer que os
críticos brasileiros, no fundo, defendem seja lá o que interessar
aos americanos.
Mais ou menos como na controvérsia dos turistas "fichados"
no Brasil e nos EUA.
Não faltou quem criticasse a
idéia. Por exemplo, o ex-ministro Luiz Felipe Lampréia, na
CBN, dizendo que a decisão afugenta turistas.
A Globo, em suas reportagens,
tratou de pressionar, dizendo
que "no Brasil a identificação é
lenta; nos Estados Unidos, leva
30 segundos".
Em resposta à Globo e outras,
a Polícia Federal diminuiu as
exigências e anunciou que está
"fichando" americanos em apenas dois minutos.
A ironia, também aqui, é que
as críticas ao juiz brasileiro que
deu a ordem de "fichar" se restringem aos próprios brasileiros.
Os visitantes americanos reagem com "bom humor", na expressão da Globo.
Na CNN, um repórter relatou
de Atlanta, onde se concentrou
a nova exigência:
- Outros países planejam algo parecido. Mas a reação imediata tem se focado no Brasil.
Um juiz lá ordenou que os americanos sejam fotografados e fichados como aqui.
E, com "bom humor":
- Curiosamente, um dos primeiros vôos a chegar aqui vem
do Brasil. Vai ser interessante
descobrir o que os passageiros
brasileiros e americanos pensam da experiência.
Até na Fox News a reação foi
bem-humorada. Um de seus âncoras ultraconservadores se perguntava, a certa altura, se o programa americano e a retaliação
iniciada pelo Brasil indicavam
queda no turismo no mundo.
Mas acrescentava:
- E importa?
Para o âncora, o problema
não era o Brasil, mas a França
-cujos cidadãos estão isentos
de ser "fichados".
FHC e Lula, juntos, ao vivo
nos canais de notícias e depois
nos telejornais todos.
O ex brincou que falaria pouco, pois "o principal orador" era
o presidente. Mas não se conteve
e observou que havia sido agraciado pela universidade Notre
Dame antes de ser presidente.
Vaidade, vaidade.
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