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DÍVIDA
Secretário afirma que Estado pode voltar a questionar cláusulas do contrato
Minas não descarta moratória
RANIER BRAGON
da Agência Folha, em Belo Horizonte
O secretário de Fazenda de Minas, José Augusto Trópia Reis, e a
procuradora-geral do Estado, Misabel Derzi, detalharam ontem os
termos técnicos do acordo fechado anteontem entre o Estado e a
União dando fim à moratória mineira de 13 meses, mas não descartaram a hipótese de Minas
usar o recurso novamente.
"A moratória aconteceu porque
o Estado não tinha condição de,
ao mesmo tempo, pagar a dívida
com a União e manter os serviços
públicos. Se um dia voltarmos a
nos debater com essa questão, o
Estado vai ter de se decidir novamente. A moratória é uma questão em aberto", disse Trópia.
Segundo o secretário, é possível
que o Estado volte a questionar algumas cláusulas do contrato, como o comprometimento de 13%
da receita para o pagamento da
dívida com a União.
"No acordo não foi usada a palavra "ratificação", e sim, "adição"
ao contrato fechado entre o governo que nos antecedeu e a
União", afirmou Trópia.
Ele disse que as cinco minutas
assinadas anteontem -repactuação da dívida interna, federalização da Casemg (Companhia de
Silos e Armazéns de Minas) e da
Ceasa (Centrais de Abastecimento de Minas), ressarcimento ao
governo federal do valor pago pelo eurobônus (títulos lançados no
mercado europeu) e recebimento
de créditos da carteira habitacional da Minascaixa (banco estatal
liquidado em 1991)- foram benéficas ao Estado.
Além disso, segundo Trópia, o
Estado poderá manter o BDMG
(Banco de Desenvolvimento de
Minas Gerais) como instituição
financeira -e não de fomento
como queria o governo federal-
sem sofrer punições.
De acordo com o secretário, o
fechamento do acordo desvinculou créditos que o Estado tinha e
que só poderiam ser usados no
pagamento da dívida com a
União, deixando-os livres para
que o governo mineiro defina seu
destino.
Ficou confirmado ainda que o
Estado irá pagar a parcela dos eurobônus que vence na próxima
quinta-feira, no valor de US$ 108
milhões, utilizando para isso recursos do Tesouro do Estado.
O Tesouro terá a entrada de crédito referente à carteira habitacional da Minascaixa e, além disso,
Minas ficará isento de pagar as
parcelas de janeiro, fevereiro, e
parte da parcela de maio de sua
dívida com a União.
Quanto à chamada conta gráfica (pagamento à vista de cerca de
R$ 1,9 bilhão, representando 10%
da dívida), o secretário disse que o
Estado já tem garantido cerca de
R$ 1,7 bilhão. O prazo para esse
pagamento vai até novembro.
Outros detalhes que o Estado
reivindicava junto à União, como
o crédito que ele alega ter nos setores de transporte e previdência,
ficaram para ser discutidos posteriormente.
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