|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Ninguém deve ser preso"
da Reportagem Local
A dívida bilionária do Banespa
poderá ficar impune. A afirmação
é de Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, um dos procuradores encarregados pelo Ministério Público Federal de investigar o caso. "O
mais provável é que ninguém vá
parar na cadeia", diz.
Segundo o procurador, o Código Penal brasileiro é antigo e não
serve para punir crimes contra o
sistema financeiro. Um dos problemas centrais, de acordo com
Gonçalves, está na dificuldade de
identificar a responsabilidade
exata de cada um dos envolvidos.
Há suspeitos de sobra. O Ministério Público já denunciou mais
de 80 ex-presidentes, diretores e
funcionários do Banespa. A
maioria sob a acusação de gestão
temerária, cuja pena vai de dois a
oito anos de prisão.
O banco está sob intervenção federal desde dezembro de 94. Tem
um rombo de R$ 45,5 bilhões. O
Banco Central encontrou dezenas
de operações suspeitas, mas até
agora apenas duas pessoas foram
condenadas: Vladimir Antonio
Rioli, ex-vice-presidente de operações do Banespa, e Mário Carlos Beni, que foi diretor regional
de operações do banco.
Foram considerados culpados,
em primeira instância, por terem
liberado, antes da constituição
das garantias, um empréstimo de
US$ 280 mil, em valores de 1994, à
Companhia Brasileira de Tratores. Rioli e Beni estão recorrendo
da sentença.
"Estamos preparando nossa defesa e eu estou tranquilo porque
sou inocente", diz Beni. Procurado pela Folha, Rioli preferiu não
se pronunciar. Os dois foram denunciados também em vários outros casos.
Garantias superavaliadas
Há 37 pessoas denunciadas por
terem liberado cerca de US$ 17
milhões à empreiteira Tratex em
91. Entre as irregularidades apontadas pelo Ministério Público está
a falta de avaliação dos bens dados como garantia.
A empreiteira tinha oferecido
máquinas e equipamentos espalhados por todo o país, que não
foram checados. Mais tarde, os
peritos constataram que o maquinário valia bem menos do que a
empresa tinha declarado.
Entre os casos que estão sendo
investigados, há denúncias contra
a Vasp, a Cooperativa Agrícola de
Cotia, que já faliu, e a empresa de
medicamentos Paraquímica, que
recebeu empréstimos de quase
US$ 30 milhões.
Texto Anterior: Contas públicas: Ajuda a banco estadual atinge R$ 90 bi Próximo Texto: Vendas geraram R$ 2,1 bi Índice
|