São Paulo, #!L#Domingo, 06 de Fevereiro de 2000


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"Ninguém deve ser preso"

da Reportagem Local

A dívida bilionária do Banespa poderá ficar impune. A afirmação é de Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, um dos procuradores encarregados pelo Ministério Público Federal de investigar o caso. "O mais provável é que ninguém vá parar na cadeia", diz.
Segundo o procurador, o Código Penal brasileiro é antigo e não serve para punir crimes contra o sistema financeiro. Um dos problemas centrais, de acordo com Gonçalves, está na dificuldade de identificar a responsabilidade exata de cada um dos envolvidos.
Há suspeitos de sobra. O Ministério Público já denunciou mais de 80 ex-presidentes, diretores e funcionários do Banespa. A maioria sob a acusação de gestão temerária, cuja pena vai de dois a oito anos de prisão.
O banco está sob intervenção federal desde dezembro de 94. Tem um rombo de R$ 45,5 bilhões. O Banco Central encontrou dezenas de operações suspeitas, mas até agora apenas duas pessoas foram condenadas: Vladimir Antonio Rioli, ex-vice-presidente de operações do Banespa, e Mário Carlos Beni, que foi diretor regional de operações do banco.
Foram considerados culpados, em primeira instância, por terem liberado, antes da constituição das garantias, um empréstimo de US$ 280 mil, em valores de 1994, à Companhia Brasileira de Tratores. Rioli e Beni estão recorrendo da sentença.
"Estamos preparando nossa defesa e eu estou tranquilo porque sou inocente", diz Beni. Procurado pela Folha, Rioli preferiu não se pronunciar. Os dois foram denunciados também em vários outros casos.

Garantias superavaliadas
Há 37 pessoas denunciadas por terem liberado cerca de US$ 17 milhões à empreiteira Tratex em 91. Entre as irregularidades apontadas pelo Ministério Público está a falta de avaliação dos bens dados como garantia.
A empreiteira tinha oferecido máquinas e equipamentos espalhados por todo o país, que não foram checados. Mais tarde, os peritos constataram que o maquinário valia bem menos do que a empresa tinha declarado.
Entre os casos que estão sendo investigados, há denúncias contra a Vasp, a Cooperativa Agrícola de Cotia, que já faliu, e a empresa de medicamentos Paraquímica, que recebeu empréstimos de quase US$ 30 milhões.







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