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CONTAS PÚBLICAS
Prefeitura petista quer manter política de reajuste salarial e de contratação de servidor público
Porto Alegre quer ação contra lei fiscal
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha,
em Porto Alegre
A Prefeitura de Porto Alegre vai
questionar na Justiça alguns pontos da Lei de Responsabilidade
Fiscal, como os que impõem restrições ao aumento de salário e à
contratação de novos servidores.
O prefeito interino José Fortunati (PT) disse que o Diretório
Nacional do seu partido ingressará no STF (Supremo Tribunal Federal) com uma ação direta de inconstitucionalidade.
Ele declarou que a assessoria jurídica da bancada petista no Congresso já estuda o assunto, além
dos advogados da prefeitura, que
buscam subsídios nas opiniões de
juristas contrários à lei.
O município possui uma política de reajuste salarial a cada dois
meses e está executando um cronograma de contratações de funcionários com previsão para durar um ano e meio.
Fortunati, que é vice-prefeito,
disse que a "situação financeira e
a gestão fiscal" de Porto Alegre
são reconhecidas por organismos
internacionais e permitem a concessão de reajuste e a contratação,
por meio de concurso.
No ano passado, o governo petista reajustou o salário de seus 25
mil funcionários em 14,97% (a inflação no período foi de 8,43%,
segundo o Índice Nacional de
Preços ao Consumidor do IBGE).
Está prevista a contratação, já iniciada, de 850 profissionais para a
área de saúde e de 400 para a de
educação.
"Estamos ampliando e construindo novas unidades. Se houver a suspensão das contratações,
a população será prejudicada",
disse o prefeito interino.
Ele também criticou as restrições da lei em relação à realização
de obras. "Às vezes, uma pendência judicial em torno de uma desapropriação, por exemplo, atrasa a obra, mas o administrador
não pode deixar de fazê-la."
Segundo Fortunati, a Lei de
Responsabilidade Fiscal "viola o
pacto federativo, tentando tutelar
prefeitos e governadores". Afirmou que o governo federal "não
tem credibilidade" para fazer exigências relacionadas a gastos públicos.
Caso a lei não seja derrubada na
Justiça, a Prefeitura de Porto Alegre deverá cumprir o que ela determina, de acordo com o vice.
"Se perdermos na Justiça, não
restará outra saída. Porto Alegre
nunca descumpriu lei."
Fortunati disse não acreditar
que o prefeito Raul Pont (PT) irá
descumprir a lei nesse caso. No
dia 26, Pont havia afirmado exatamente o contrário.
Para ele, o superávit primário
de R$ 1,1 milhão apresentado por
Porto Alegre no ano passado provaria que é possível ter resultado
positivos sem ser "constrangido
por uma lei flagrantemente inconstitucional".
Para ele, a lei é uma "guilhotina
para a maioria dos municípios e
Estados".
A lei foi aprovada pela Câmara
dos Deputados durante a convocação extraordinária.
O governo derrotou todas as
tentativas da oposição de modificar o projeto aprovado na semana passada.
A proposta será votada pelo Senado para depois ir à sanção do
presidente da República.
A Lei de Responsabilidade Fiscal faz parte do ajuste fiscal do governo. Houve uma grande pressão por parte de prefeitos de todo
o país contra pontos da lei -inclusive o fato de ela entrar em vigor imediatamente, em ano de
eleição municipal.
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