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PREVIDÊNCIA
Ministro Marco Aurélio recebe Berzoini e diz que fim da aposentadoria integral fere direitos adquiridos
Presidente do STF faz nova restrição a reforma do governo
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Ricardo Berzoini sofreu ontem um novo revés -pelo
segundo dia consecutivo- em
sua tentativa de cooptar apoios
das instituições e da sociedade civil para a proposta petista de reformar da Previdência.
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro Marco Aurélio de Mello, atacou o modelo pretendido pelo governo,
três horas depois de receber o ministro da Previdência.
O encontro havia sido programado em razão de polêmica criada por uma declaração anterior
do presidente do STF.
Marco Aurélio disse ontem que
um dispositivo da Constituição,
inserido em 1998 por emenda, impede o governo de acabar compulsoriamente com a aposentadoria integral do funcionalismo
-pilar da reforma petista- porque assegura ao servidor o direito
de optar por mantê-la ou por aderir a um plano complementar.
O trecho da Constituição citado
por Marco Aurélio autoriza a
União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios a limitar a
aposentadoria do funcionalismo
ao teto do regime geral da Previdência, hoje de R$ 1.561,56, desde
que seja criado o regime de previdência complementar e que haja
"prévia e expressa opção" por
parte do servidor.
A regra valeria para todos os
funcionários que estão na ativa.
O presidente do STF disse que
essa é uma posição pessoal, mas
foi enfático em suas declarações e
sugeriu que o tribunal poderá
mudar a sua jurisprudência quando examinar o novo dispositivo
constitucional -o parágrafo 16
do artigo 40.
"Até o leigo pode fazer essa leitura. Pelo teor do parágrafo 16,
não temos como atropelar as situações em curso. Isso está (disposto) lá em bom vernáculo."
Ele foi irônico sobre o fato de essa norma não estar em vigor, dizendo que faltou aos governantes
vontade política para implementá-la por lei complementar. "Agora temos dispositivos constitucionais que não pegam."
O ministro afirmou que, se revogado esse dispositivo, uma nova regra só valeria após a emenda
constitucional da nova reforma
da Previdência entrar em vigor.
Ou seja, estaria preservado o direito dos atuais servidores.
A assessoria do Ministério da
Previdência disse que Berzoini
respeita a opinião de Marco Aurélio, mas tem informações de que é
outro o entendimento do tribunal, composto por 11 ministros.
As declarações foram dadas a
um grupo de jornalistas no intervalo da sessão plenária do STF
por volta das 16h, três horas após
a audiência com Berzoini. Imediatamente após o encontro, eles
concederam juntos uma entrevista, e Marco Aurélio foi menos incisivo nas críticas.
Há um mês, uma declaração
atribuída a Marco Aurélio gerou
polêmica. Ele teria dito que uma
reforma da Previdência que ferisse normas constitucionais só seria
possível se fosse feita por meio de
uma revolução. Ontem, ele reafirmou que o sentido da declaração
teria sido deturpado.
Anteontem, em São Paulo, as
propostas petistas foram criticadas por sindicalistas. Desde a última segunda, Berzoini debate a reforma com representantes das
principais instituições.
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