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São Paulo, quinta-feira, 06 de fevereiro de 2003

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ESPÍRITO SANTO

Petistas acusam liberais de terem descumprido acordo na Assembléia para a eleição do presidente da Casa

PT estadual formaliza rompimento com PL

JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA

A direção estadual do PT do Espírito Santo formalizou ontem ao presidente do partido, José Genoino, o rompimento com o PL. Os petistas acusam os liberais de "traição" na votação que escolheu a mesa que vai administrar a Assembléia Legislativa do Estado.
Segundo João Coser, presidente do PT capixaba, a direção petista "entendeu a gravidade do caso". Ele disse que houve uma "quebra de confiança profunda" no PL, mas afinou o discurso com a direção nacional do partido ao dizer que a decisão teve "caráter estritamente regional". O vice-presidente José Alencar é filiado ao PL.
"Qualquer crise com o PL no Espírito Santo não interfere nacionalmente. A aliança PT-PL não será colocada em questionamento. Mas é preciso respeitar o PT do Estado, pois a situação lá foi muito grave", afirmou José Genoino.
A polêmica que culminou com o rompimento foi resultado da eleição de Geovani Silva (PTB) para a presidência do Legislativo estadual. Com o apoio do mesmo grupo de deputados que sustentou o ex-presidente da Assembléia José Carlos Gratz (PFL), Silva derrotou Cláudio Vereza (PT).
Os petistas afirmam que havia um acordo com o PL, entre outros partidos, para garantir a eleição de Vereza, e que, na votação, alguns parlamentares teriam "traído" a negociação e votado em Silva, que venceu por 19 a 11.
O presidente estadual do PL, senador Magno Malta, reagiu às críticas petistas e disse que "vai agir para que haja uma intervenção" no PT do Estado. "Estamos tristes e ofendidos com a decisão do PT. O acordo que fizemos era retirar o nosso candidato [Robson Vaillant], o que foi feito. É preciso uma intervenção nessa situação. Esse rompimento não interessa a nós do PL. Se houve traição, não foi de nosso partido. O que o PT está fazendo, chamando o PL de traidor, é leviano."
A direção estadual do PPB expulsou dois deputados que teriam descumprido o pacto. A base do acordo contaria também com o PSDB, o PSB e o PPS e com o governador Paulo Hartung.
"A derrota [de Vereza] não foi só do PT, foi de todos que queriam mudanças na Assembléia. Mas não podemos falar em traição e, sim, em desentendimentos políticos", declarou Genoino.
Cinco dos 30 deputados que participaram da sessão estavam com mandatos suspensos pela Justiça -acusados de vender seus votos na eleição que levou Gratz (ex-banqueiro do bicho e acusado pela CPI do Narcotráfico de ser um dos líderes do crime organizado no Estado) à presidência da Assembléia, em 2000.
O Ministério Público tenta anular no Tribunal de Justiça a votação, alegando "desrespeito à decisão judicial e afronta ao Estado democrático de Direito".
A Promotoria entrou com pedido liminar de afastamento de mais dois deputados reeleitos (Fátima Gousi, sem partido, e Luiz Carlos Moreira, PMDB) por improbidade administrativa. Ambos participaram da eleição de Silva. Já estão com os mandatos suspensos Sérgio Borges (PMDB), José Tasso (PTC), Gilson Amaro (PPB), Marcos Gazzani (PGT) e Gilson Gomes (PFL)


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