|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PREVIDÊNCIA
Valor estipulado é de R$ 19.115,19, mas ministros que também atuam no TSE chegarão a ganhar até R$ 5.870 a mais
STF fixa teto, mas abre espaço a exceções
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O STF (Supremo Tribunal Federal) estabeleceu o teto salarial do
funcionalismo em R$ 19.115,19,
mas abriu uma brecha para que
alguns funcionários possam ganhar acima desse valor.
Em sessão a portas fechadas, os
ministros do tribunal decidiram
liberar o pagamento de uma verba maior que o teto: o jeton recebido por três deles porque também atuam no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O valor chega a
R$ 5.870, no período eleitoral.
Ao anunciar a decisão, o presidente do STF, Maurício Corrêa,
sugeriu que o tribunal poderá
abrir outra exceção, para que os
próprios ministros continuem recebendo salário de universidade
pública em que dão aula.
O pagamento de gratificações
extra-teto sempre foi obstáculo
para o desconto de supersalários
do serviço público. As emendas
constitucionais da reforma administrativa, de 1998, e da reforma
da Previdência, de 2003, proibiram expressamente a exclusão de
"verbas de qualquer natureza".
Corrêa disse que o jeton do TSE
não integra o teto, mas deve ser
pago por fora para que os ministros que atuam no órgão não trabalhem de graça. "Você acha que
alguém pode trabalhar de graça?"
Ele argumentou ainda que o acúmulo de funções no STF e no TSE
é autorizado pela Constituição.
A Folha apurou que os ministros temiam que a perda do direito ao jeton desestimulasse o trabalho dos juízes eleitorais. A preocupação foi manifestada especialmente por Sepúlveda Pertence,
que comandará as eleições deste
ano como presidente do TSE.
Além dele, são ministros do TSE
Carlos Velloso, em esquema de
rodízio, e Ellen Gracie Northfleet.
O valor de R$ 19.115,19 corresponde ao salário recebido pela
maioria dos ministros, de
R$ 17.344, acrescido de uma gratificação de R$ 1.771, paga ao presidente do tribunal. Pela reforma da
Previdência, o teto equivalerá à
maior remuneração de ministro
do STF até que seja fixado em caráter definitivo por lei posterior.
A decisão teve um voto contrário, de Marco Aurélio de Mello,
que defendeu o valor de R$ 17.344
e o pagamento da gratificação do
presidente como verba extra-teto.
Corrêa disse que enviará ao ministro da Previdência, Amir Lando, a ata da sessão administrativa
de ontem. Desde dezembro o governo aguarda definição para reduzir o salário de quem ganha acima do teto. No Supremo, segundo levantamento divulgado ontem, 26 pessoas terão a remuneração descontada, entre ministros
aposentados, servidores e viúvas
(que recebem pensão).
A assessoria do STF informou
que Corrêa não está incluso na lista. Além dos R$ 19.115,19, ele tem
aposentadorias do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e do
Congresso -R$ 11 mil no total.
O ministro afirmou que, em tese, toda a administração pública
poderá tornar o desconto retroativo a 1º de janeiro de 2004.
Texto Anterior: Reunião ministerial servirá para explicar novos poderes de Dirceu Próximo Texto: Maioria do STF é contrária ao controle externo Índice
|